Tolerância de genótipos de batata-doce ao déficit hídrico
Ipomoea batatas, eficiência do uso da água, tolerância à seca, produtividade de água.
A batata-doce (Ipomoea batatas (L.) Lam.) é uma das hortaliças de grande importância econômica, sendo uma das mais cultivadas mundialmente, com produção concentrada na Ásia e África. Apesar da importância da cultura para o Brasil, o país se configura apenas como a 14ª posição entre os maiores produtores mundiais de batata-doce. Isto decorre devido, entre outros fatores, baixos níveis tecnológicos adotados nos cultivos, como a escassez de genótipos adaptados às diferentes regiões produtoras, o que resulta em produtividades muito aquém do potencial da cultura. Objetivou-se com este estudo, identificar genótipos de batata-doce tolerantes à seca e dar continuidade ao programa de melhoramento genético da cultura na Universidade Federal de Lavras. Os experimentos foram conduzidos em casa de vegetação localizada no Setor de Olericultura do Departamento de Agricultura da Universidade Federal de Lavras (UFLA). A instituição está situada no município de Lavras, região sul do estado de Minas Gerais, com coordenadas geográficas de 21°13’20,54’’ de latitude sul e 44°58’7,99’’ de longitude oeste, a uma altitude de 910 metros. O ciclo foi de 150 dias em dois ensaios realizados no período de dezembro a maio dos anos 2022/2023 e 2023/2024, respectivamente. O delineamento experimental utilizado em cada experimento foi o inteiramente casualizado (DIC), em esquema fatorial de 28x4x2, sendo 28 genótipos batata-doce, 4 lâminas de irrigação (25, 50, 75 e 100 % da demanda máxima da cultura) com um sistema de irrigação localizado por gotejamento semiautomático e 2 anos de cultivo. Em cada experimento, a unidade experimental foi constituída de um vaso de 10 dm3, com 3 repetições, totalizando 336 vasos. O substrato utilizado para preenchimento dos vasos foi com a mistura de composto orgânico a base de resíduo vegetal, solo e areia, na proporção de 4:2:1, respectivamente. A irrigação foi feita por gotejamento com vazão de 4 L h⁻¹. A umidade foi controlada por sensores 10HS e data loggers (ProCheck), com base na capacidade de campo. A lâmina de 100% serviu como referência para calcular as reposições de 25%, 50, 75% e 100%. As variáveis agronômicas avaliadas foram produção rama, produção de massa seca de rama, produção de raízes tuberosas, produção de massa seca de raízes tuberosas e produção de biomassa total baseando-se na produtividade de água como indicador de tolerância a seca e por meio de índices de seleção de tolerância a seca (índice de intensidade a seca, eficiência de tolerância a seca e percentual de redução). A análise estatística foi feita no software R 4.1.1 (R Core Team, 2024) por meio de teste de Scott-Knott (p < 0,05). Houve diferenças significativas entre genótipos e lâminas de irrigação para a produtividade de água em todas as variáveis avaliadas. Para a lâmina de irrigação de 25% de demanda máxima hídrica, principal condição estressante, os melhores resultados foram observados nas cultivares UFLA R1440, Olga, Super Margaret e Irene, essas mesmas cultivares apresentaram melhores resultados sob avaliação de índice de seleção de tolerância a seca. As cultivares identificadas neste estudo apresentam potencial para uso em programas de melhoramento genético voltados à resiliência hídrica, especialmente em regiões com baixa disponibilidade de água.