O DESPERDÍCIO DE ALIMENTOS NO CONTEXTO DAS FEIRAS DE PRODUTORES RURAIS
Desperdício de alimentos; feiras livres; feiras de produtores rurais, sustentabilidade.
A perda e o desperdício de alimentos (PDA) mostram-se como um dos temas mais relevantes da atualidade, gerando iniciativas que visam sua minimização nos mais variados segmentos agroalimentares. Apesar da sigla, perda e desperdício são fenômenos distintos, considerados em etapas diferentes da cadeia agroalimentar de suprimento; perdas acontecem do início de produção até o processamento, e desperdício ocorre da distribuição ao consumo. Enquanto os países desenvolvidos apresentam um maior índice de desperdício no varejo e em domicílios, os países subdesenvolvidos apresentam maior perda de alimentos no pós-colheita. Visando contribuir para a discussão, o presente trabalho objetiva averiguar as fontes, razões e percepções dos consumidores e feirantes quanto a sustentabilidade da cadeia curta agroalimentar local, especialmente em relação ao desperdício de gêneros agrícolas em feiras de produtores rurais. O método utilizado foi o estudo de caso, com entrevistas semiestruturadas, observação sistemática, pesquisa bibliográfica e análise documental. Sob a perspectiva da sustentabilidade, a partir da teoria triple bottom line (TBL), as entrevistas foram realizadas com o representante da associação dos feirantes com o intuito de compreender o perfil organizacional e a coordenação operacional da feira; com os feirantes, objetivando averiguar sua compreensão da problemática da PDA e sua relação com a sustentabilidade das feiras livres; e com os consumidores, visando apurar sua compreensão da participação na PDA e no consumo consciente. Foram realizadas 40 entrevistas (25 consumidores, 14 feirantes e 1 representante da associação) que foram transcritas e analisadas por meio do método de análise de conteúdo. Foi possível identificar a preferência dos consumidores pela feira pela oferta de produtos frescos, a crescente aversão à cadeia convencional e hábito. O desperdício encontrado foi próximo a nulo, ocorrendo repasse e redirecionamento dos alimentos que sobram ao fim das feiras. Também foi encontrado que a sustentabilidade da feira tanto depende quanto é influenciada pelas relações que os feirantes e os consumidores têm com o modo de produção e preferências em relação aos alimentos.