Controvérsias em torno da Tese do Marco Temporal Indígena: diferentes ontologias na concepção de território
Constitucionalidade; Modernidade; Ontologia Relacional; Ontologia Dualista; Territórios Indígenas.
A popularmente conhecida “Tese do Marco Temporal Indígena” (marco de reavaliação dos direitos indígenas à terra) tem despertado grande interesse no contexto brasileiro e sido tema de intensas disputas jurídicas, políticas e sociais. Os debates em torno dela concentram-se principalmente nas controvérsias relacionadas a sua constitucionalidade. Dito isto, metodologicamente, busquei caracterizar as controvérsias em torno da Tese do Marco Temporal, tal método de análise, me permitiu mapear os atores e suas ações a partir do campo técnico-legal, político e científico. Ademais, para além do debate político e jurídico da constitucionalidade da lei, o estudo aprofundou-se teoricamente em debates ontológicos. As controvérsias geraram embates entre dois principais grupos: de um lado aqueles que postulam a constitucionalidade da lei e, na direção contrária, os que requerem a inconstitucionalidade de alguns de seus artigos. De um lado, a ontologia dualista, fruto da modernidade e presente no discurso do grupo defensor da tese. Do outro, a ontologia relacional, que guia o grupo que contesta a constitucionalidade do marco temporal. Nesse sentido, a pesquisa revela não apenas controvérsias jurídicas, mas também um debate ontológico mais amplo entre modos de pensar e habitar o mundo.