Análise da Configuração, Governança Estrutural e Estratégica e Criação de Valor na
Cadeia Global de Valor no Contexto de Desglobalização
Palavras-chave: Fatores políticos. Criação de valor. Desglobalização. Multinacionais. Empresa de propriedade local. Regressão Shift-Share. Estudo de caso múltiplo.
O objetivo geral desta tese é analisar a forma como a desglobalização afetou a promoção do upgrading nas cadeias globais e como essa relação influenciou o desempenho das cadeias em termos de governança estrutural e estratégica, bem como na criação de valor. Para isso, o estudo foi fundamentado nas teorias da internalização e dos custos de transação. Para atingir esse objetivo, o estudo foi desdobrado em três objetivos específicos, que foram abordados por meio de artigos empíricos. O primeiro artigo analisa os impactos das condições estruturais e tecnológicas sobre as configurações das CVGs, considerando o efeito moderador dos fatores políticos de cada país. Para isso, foi utilizado o modelo de regressão hierárquica de dois níveis. Os resultados indicaram que a infraestrutura logística e a inovação desenvolvida nos países de origem são fatores que contribuíram para o reshoring. Em relação aos efeitos moderadores, os resultados mostraram que o protecionismo atuou como moderador em conjunto com a inovação, intensificando o reshoring. Por outro lado, as restrições à segurança nacional moderaram a qualidade da mão de obra e a inovação, afetando a modificação da configuração das CVGs. O segundo artigo analisou o efeito do controle de propriedade, da localização do investimento e da estrutura de rede, que são componentes da governança estrutural, na promoção do upgrading e, consequentemente, no aumento da produtividade dos setores industriais brasileiros em um contexto de desglobalização. Para isso, foram aplicados dois métodos: o primeiro foi a Análise Envoltória de Dados (DEA) e, posteriormente, um modelo de regressão shift-share. Os resultados indicaram que, dos 110 setores industriais brasileiros analisados, 32 conseguiram intensificar a produtividade e, consequentemente, promover o upgrading. Além disso, confirmou-se que, na realidade brasileira, o controle de propriedade e a estrutura de rede funcionaram como componentes impulsionadores da produtividade e, consequentemente, do upgrading nos setores brasileiros. Por fim, o terceiro artigo analisou os elementos da governança estratégica das CVGs entre as empresas brasileiras e multinacionais do setor de mineração. O artigo utilizou um estudo de caso múltiplo, com entrevistas realizadas com 10 gestores de mineradoras. Os resultados mostraram que a maioria dos gestores das EPLs reconheceu as vantagens da relação com as EMNs, especialmente em relação à participação nas CVGs, com ênfase na transferência de conhecimento e tecnologia. No entanto, o impacto dessa parceria na criação de valor e na promoção do upgrading foi moderado, devido à necessidade de mudanças e adaptações contínuas por parte das EPLs para aproveitar plenamente os benefícios. Além disso, observou-se que as mineradoras brasileiras têm explorado de forma limitada os princípios da governança estratégica, o que pode comprometer sua competitividade em um cenário global cada vez mais dinâmico. De forma geral, esta pesquisa contribui para a análise de como os mercados emergentes, especialmente o Brasil, podem intensificar sua participação nas CVGs no contexto da desglobalização. O estudo oferece orientações para gestores e formuladores de políticas públicas, visando promover uma maior inserção das indústrias brasileiras nas CVGs.