INOVAÇÃO RESPONSÁVEL: EXPANSÃO DE UM MODELO TEÓRICO-METODOLÓGICO COM BASE NA MOBILIDADE INTELIGENTE
Inovação responsável. Mobilidade Inteligente. Mobilidade Urbana. Práticas da IR. Modelos de diagnóstico. Experimentação.
Buscando alinhar as tecnologias emergentes às necessidades e expectativas da sociedade, o conceito de Inovação Responsável (IR) tem se tornado uma abordagem promissora nos debates científicos de diferentes campos, com reflexões sobre a gestão e avaliação dos possíveis impactos das inovações. Paralelamente, o potencial da inovação na conjuntura urbana foi amplamente reconhecido na última década e a Mobilidade Inteligente (MI) tem sido vista como facilitadora no desenvolvimento inteligente e sustentável. No entanto, embora esforços sobre as práticas da IR tenham sido promovidos na literatura, a generalização e falta de direcionamento têm limitado o entendimento das peculiaridades em determinados setores, dificultando sua atuação. Logo, o objetivo geral desta tese foi analisar as contribuições e a conjuntura prática da Inovação Responsável (IR) no cenário da Mobilidade Inteligente (MI) e propor um modelo teórico-metodológico capaz de diagnosticar esse fenômeno. Para alcançar este objetivo, sob as contribuições dos estudos relativos à IR no contexto de MI, o primeiro estudo buscou analisar e avançar o campo epistemológico de práxis da IR e propondo a Experimentação como nova dimensão. O segundo revisou a literatura sobre IR no contexto de MI, mas desta vez determinando sistematicamente a conjuntura das práticas neste cenário e sugerindo uma agenda de pesquisa. Ao partir para uma lógica mais empírica, o terceiro artigo investigou a IR no contexto da MI junto a instituições que atuam neste cenário, aglutinando possíveis re(visões) para as análises teóricas já estabelecidas no estudo anterior. O quarto, e último, artigo avaliou junto à especialistas de inovação e mobilidade urbana as categorias e subcategorias da IR na MI, dada pela aglutinação teórico-empírica, instrumentalizou os achados e testou empiricamente o modelo proposto. Para tanto, a conjuntura metodológica desta tese se caracteriza em óticas teóricas e empíricas. Utilizou-se Revisão Sistemática da Literatura (RSL) baseada no PRISMA (2020), conduzida em seis bases de dados: Scopus, Ebsco, Web Of Science, Gale, Jstor e Google Scholar, empregando o processo de referência cruzada conforme Gegenfurther et al. (2009) e a análise de conteúdo de Bengtsson (2016). Também se contemplou abordagens de natureza qualitativodescritiva com corte transversal de múltiplos casos e uso de triangulação metodológica. O cenário empírico contou com: sete instituições atuantes no Programa Mover do Governo Federal destinado ao desenvolvimento de inovações urbanas no país; 44 especialistas da área de inovação e mobilidade urbana; e uma empresa atuante no contexto de MI. As descobertas principais apontam a Experimentação como dimensão integralizadora das demais dimensões, reforçando a conjuntura política, prática e interacional da IR, com potencial de mitigar as incertezas através da atuação dos processos laboratoriais, permitindo que cidadãos e profissionais examinem criticamente as dinâmicas e trajetórias da inovação. As práticas de IR na MI foram configuradas por meio de seis eixos: Tecnológico, Social, Ecossustentável, Econômico, Espacial e Organizacional, com orientações para valores socioéticos e envolvimento das partes interessadas. Os eixos foram estabelecidos de acordo com seus componentes e indicadores de aplicação e avança as discussões ao apresentar uma proposta de orquestração de práticas de IR no cenário de MI e agenda de pesquisa. Os achados empíricos validam a importância dos eixos da RSL como sinalizadores de práticas de IR na MI, acrescentam mais um eixo (Criticidade da Inovação) e novas perspectivas, e fornecem uma proposta de conceituação. Os resultados da correlação e regressão demonstraram que os pesos formativos foram significativos e explicaram uma grande parcela a variância para cada eixo a que estavam associados, exceto o componente Explicabilidade das decisões que foi agregado ao novo componente Diligência na IA. Nos demais, os coeficientes na rede nomológica tiveram os sinais esperados. A construção do modelo envolveu medidas reflexivas e formativas, além da equação e definição do Grau da Inovação Responsável (GRI) o qual possibilitou classificar a inovação. Por fim, a demonstração do artefato proposto foi testada em uma empresa atuante no setor e o modelo se mostrou heuristicamente útil para analisar o panorama responsável nas inovações desenvolvidas com perspectivas futuras de instrumentação.