MULTIPLICAÇÃO DE ASCÓSPOROS POR MITOSE PÓS MEIÓTICA EM ESPÉCIES DE GLOMERELLA SPP. ISOLADAS DO FEIJOEIRO
Antracnose; Colletotrichum spp.; Brotamento; Ascósporos.
A antracnose do feijoeiro é uma das principais doenças fúngicas que atacam a cultura. A doença é causada pelo fungo Colletotrichum lindemuthianum, forma anamórfica, o qual possui ampla variabilidade assim como sua forma teleomórfica denominada de Glomerella cingulata. A reprodução sexuada é considerada uma das principais formas de ampliação da variabilidade genética nos fungos, portanto, o estudo das características morfológicas e de suas estruturas sexuais se fazem extremamente importantes. Sabe-se que a produção de ascósporos acontece por meio de um ciclo meiótico em linhagens homotálicas. No entanto, recentemente tem-se observado a produção de novos ascósporos via mitose após esse ciclo, processo nunca observado antes para o gênero Colletotrichum. Como resultado de cada divisão mitótica têm-se a formação de dois ascósporos com morfologia amendoada ou elipsoide. Este processo se assemelha ao brotamento de ascósporos observado em espécies de fungo do gênero Taphrina. Portanto, o objetivo desse trabalho é estudar e caracterizar o fenômeno aqui descrito como brotamento em ascósporos. Além disso, a possível presença deste fenômeno in vivo em plantas crescidas em casa de vegetação. Para tal utilizou-se uma linhagem de C. lindemuthianum denominada de 84-1. Para a análise do processo de brotamento foi utilizado o marcador nuclear fluorescente Iodeto de Propídio e obtenção de imagens com um Microscópio Eletrônico de Varredura (FEG) de Ultra Resolução. Utilizando o microscópio invertido Zeiss Vert.A1 realizou-se uma análise citológica através de medições de comprimento e largura dos ascósporos elipsoides e amendoados, além de obtenção da taxa de brotamento a cada 100 ascósporos. Também foram conduzidos dois experimentos in vivo (i: plantas em casa de vegetação e ii: folhas e pecíolos destacados mantidos em BOD) a fim de avaliar a ocorrência de brotamento. Em um experimento in vitro, ascósporos elipsoides e amendoados foram crescidos em placas com meio BDA, onde foram observados os tipos de colônias formadas. Posteriormente, culturas monospóricas foram obtidas com o objetivo de quantificar a taxa de brotamento e o número de ascósporos amendoados. Foi observado que os ascósporos oriundos da mitose pós meiótica apresentam núcleo com diferentes padrões, sugerindo que estejam em diferentes fases mitóticas. Há diferença significativa a 1% para o comprimento dos ascósporos, sendo os amendoados de menor comprimento. A cada 100 ascósporos há em média três brotamentos. Encontrou-se brotamento em folhas e pecíolos destacados, mas não em plantas mantidas em casa de vegetação. Uma ampla variabilidade morfológica foi observada em colônias oriundas de ascósporos amendoados e elipsoides, sendo em sua maioria periteciais. Por fim, as colônias oriundas de ascósporos amendoados apresentaram maior taxa de brotamento do que aquelas provenientes de ascósporos elipsoides. Novas pesquisas devem ser realizadas a fim de compreender melhor os mecanismos biológicos responsáveis por esse fenômeno, bem como a realização de novas avaliações em casa de vegetação e a nível citológico.