VARIABILIDADE GENÉTICA EM LINHAGENS DE ARROZ PARA ACUMULAÇÃO DE SELÊNIO
Oryza sativa L. Melhoramento genético. Biofortificação. Segurança alimentar.
Atualmente, aproximadamente 90% dos países apresentam algum tipo de má nutrição em sua população, seja ela pela fome ou pela chamada fome oculta, a qual é referida como uma carência não explicita de um ou mais micronutrientes no organismo, acarretando em deficiência de nutrientes. Portanto, pesquisas estão sendo realizadas a fim de minimizar os efeitos da má nutrição. Dentre os micronutrientes estudados, destaca-se a utilização do selênio (Se), um mineral com alto poder antioxidante, sendo importante no funcionamento e manutenção do organismo dos seres vivos, e também benéfico para as plantas. Cereais como o arroz (Oryza sativa L.), se destacam por serem cultivados e consumidos em todos os continentes, desempenhando papel estratégico tanto no aspecto econômico quanto social. É o alimento básico para mais de 50% da população mundial e está presente diariamente na mesa dos brasileiros, contudo apresenta baixos teores de Se na sua composição química. Diversas estratégias têm sido utilizadas para combater tais deficiências. Dentre elas, pode-se citar a biofortificação, a qual consiste no enriquecimento nutricional nas culturas de grande importância alimentar, podendo esta ser genética (obtida por melhoramento convencional ou engenharia genética) e, ou, agronômica (obtida por uso de técnicas agrícolas no aporte suplementar do nutriente de interesse ao solo ou via foliar). Dessa forma, o presente trabalho objetivou-se verificar a existência de variabilidade genética, em linhagens de arroz de terras altas quanto à capacidade de absorver selênio e translocação para o grão, visando selecionar genótipos para serem utilizados em um programa de biofortificação genética. Foram avaliados 20 genótipos dos ensaios de valor de cultivo e uso (VCU) proveniente do programa de melhoramento de arroz de terras altas da Universidade Federal de Lavras. Os experimentos foram conduzidos no município de Lavras, nos ambientes da Fazenda Muquém (UFLA) e EPAMIG/Subestação. O delineamento utilizado foi o de blocos casualizados com o emprego de parcela subdividida no espaço com três repetições na forma de aplicação de selênio incorporado na ureia na adubação de cobertura com o efeito da aplicação da fonte de selenato de sódio na dose de 80 g ha-1 de Se. As características avaliadas foram altura de plantas, peso de mil grãos, renda, rendimento, produtividade de grãos, teor de selênio no grão e na parte aérea da planta. A aplicação de Se aumentou o rendimento de grãos de arroz em ambos os ambientes. Este estudo fornece informações úteis sobre a biofortificação de arroz de terras altas, observou-se variabilidade genética quanto o acúmulo de Se no grão, atingindo o máximo de 2,58 mg kg-1 de Se no grão. Os resultados mostram que é possível aumentar o teor de Se em arroz com a estratégia de fertilização com a aplicação de selênio incorporado na ureia, para minimizar a deficiência desse nutriente na população, visto que esse elemento é pouco representativo na maioria dos solos cultivados. Essa estratégia é vantajosa pelo fato de não exigir mudanças de comportamento dos consumidores e não alterar aparência, gosto, textura ou forma de preparo do alimento, o que foi comprovado neste trabalho, sendo uma alternativa viável, efetiva e sustentável para combater a desnutrição das populações carentes e resultar em benefícios para a saúde.