REGIÕES GENÔMICAS ASSOCIADAS À RESISTÊNCIA DE LINHAGENS DE FEIJÃO COMUM AO CRESTAMENTO BACTERIANO COMUM E VIRULÊNCIA DE ISOLADOS DE Xanthomonas spp.
Marcadores SNIPs;
Resistência genética;
Xanthomonas phaseoli pv. phaseoli;
Xanthomonas citri pv. fuscans.
O feijão comum (Phaseolus vulgaris L.) é uma cultura de importância econômica e nutricional, especialmente em países em desenvolvimento. No Brasil, o crestamento bacteriano comum (CBC), causado por Xanthomonas spp., tem se tornado uma das principais doenças responsáveis pela redução da produtividade do feijão, podendo resultar em perdas de até 70%. Embora o controle químico e biológico sejam frequentemente utilizados, a resistência genética das cultivares se destaca como uma abordagem mais eficaz para o controle dessa doença. O primeiro capítulo da tese teve como objetivo identificar regiões genômicas associadas à resistência ao CBC em 107 linhagens feijão comum, fenotipadas nos estádios V3 (casa de vegetação) e R8 (campo), por meio de mapeamento por associação (GWAS). O delineamento experimental foi em blocos casualizados (DBC), com duas repetições, nas duas avaliações. Em casa de vegetação, as parcelas consistiram em três plantas, e no campo foram duas linhas de dois metros. A partir da genotipagem, foram identificados SNPs significativos nos cromossomos Pv1, Pv6 e Pv9, com genes candidatos associados a proteínas relacionadas à defesa, como quinases, citocromo P450 e proteínas com repetições ricas em leucina (LRR). Os resultados mostraram que 55,1% das linhagens apresentaram resistência em casa de vegetação e 29% em campo. Esses achados forneceram informações importantes para a seleção assistida por marcadores, contribuindo para o desenvolvimento de cultivares mais resistentes ao CBC. No segundo capítulo, o objetivo foi avaliar a virulência de 24 isolados de Xanthomonas spp. e a resposta de três cultivares de feijão com diferentes níveis de resistência ao CBC, em esquema fatorial 24x3. O delineamento experimental foi em DBC com a inoculação dos isolados por incisão com tesousa nas cultivares BRSMG Amuleto, BRS Pérola e BRSMG União. A avaliação da severidade da doença foi realizada aos 14 dias após a inoculação, por meio de escala diagramática de 1 a 9, sendo 1 resistente e 9, suscetível. Foi realizada a ANOVA fatorial simples e utilizou-se o modelo GGE Biplot para testar a interação entre isolados e cultivares. As médias foram agrupadas pelo teste de Scott-Knott (5% de probabilidade). Os resultados mostraram variação significativa na virulência dos isolados, com os isolados UFLA 05, UFLA 09 e UFLA 23 apresentando alta virulência e UFLA 06, UFLA 08 e UFLA 17 foram avirulentos. A BRS Pérola foi a mais suscetível ao CBC, enquanto BRSMG União e BRSMG Amuleto apresentaram resistência moderada. A caracterização da virulência dos isolados é essencial para a fenotipagem de linhagens de feijão comum em condições controladas, permitindo a identificação de genótipos resistentes para uso em programas de melhoramento focados na resistência ao CBC. Além disso, essa caracterização é fundamental para o desenvolvimento de práticas de manejo integradas e eficazes. Diante do exposto, a presente tese fornece uma visão abrangente sobre os desafios impostos pelo CBC e as estratégias para o seu controle, com destaque para a resistência genética das cultivares e reforça a importância de caracterizar geneticamente as linhagens e os patógenos para o desenvolvimento de cultivares mais resistentes e eficazes no combate ao CBC.