Modelos para descrever a curva de lactação de ovelhas Santa Inês e mestiças Santa Inês x Lacaune
regressão, lactação de ovelhas, modelo Wood.
A criação de ovinos é tradicional em várias regiões do mundo, podendo ser explorada para produção de carne e/ou leite, além da utilização da pele e da lã (em algumas raças). Os maiores rebanhos mundiais encontram-se nos continentes asiático e africano. No Brasil, a Bahia é o estado com o maior rebanho ovino, seguido por Pernambuco, Rio Grande do Sul, Ceará e Piauí. A maior parte dos animais criados no Brasil destinam-se à produção de carne. A ovinocultura leiteira, embora represente uma menor parcela em comparação com a produção de carne ovina, é uma atividade de grande importância econômica e social em várias regiões do mundo. Os países onde se concentram as maiores produções de leite de ovelha são China, Turquia, Grécia, Arábia Saudita e Espanha. A maior parte do leite de ovelha produzido em todo mundo é transformada em queijo e, em menor proporção, em iogurte. Os maiores produtores de queijo de leite de ovelha são Grécia, Itália, China, Espanha e França. No Brasil, a atividade leiteira, dentro da ovinocultura é recente, teve início no Rio Grande do Sul, e posteriormente expandiu para Santa Catarina e Minas Gerais. A raça Santa Inês, amplamente distribuída em nosso território, teve sua origem no Nordeste brasileiro, é especializada na produção de carne, apresentando também uma considerável produção de leite. A raça Lacaune, originária da França, é especializada na produção de leite e, adicionalmente produz cordeiros com boa qualidade de carcaça. A curva de lactação é a representação gráfica da produção de leite do animal em função do tempo, podendo ser utilizada para definir o manejo nutricional, além da seleção e descarte de animais. O objetivo deste estudo foi comparar diferentes modelos de regressão para descrever a curva de lactação de ovelhas da raça Santa Inês e do cruzamento entre as raças Santa Inês e Lacaune. Os dados analisados foram extraídos do estudo de Ferreira (2009). Foram utilizados os modelos Brody (1924), Nelder (1966), Wood (1967), Cappio-Borlino, Pulina e Rossi (1995) e Cobuci (2000). Para estimar os parâmetros dos modelos foi utilizado o método de mínimos quadrados, usando o algoritmo de convergência de Gauss-Newton, no software R. Na análise de resíduos foram utilizados testes estatísticos para verificar as pressuposições de normalidade (teste Shapiro-Wilk), homocedasticidade (teste Breush-Pagan) e independência (teste Durbin-Watson). Para verificar a qualidade de ajuste dos modelos analisados foram utilizados o coeficiente de determinação ajustado (Raj2) e o critério de informação de Akaike (AIC). Na análise de resíduos, as pressuposições de normalidade, homocedasticidade e independência foram atendidas para todos os modelos e genótipos estudados. De acordo com os critérios de avaliação e qualidade, os cinco modelos tiveram bons ajustes, o Raj2 foi superior a 0,76 para a raça Santa Inês e superior a 0,88 para o cruzamento ½ Lacaune x ½ Santa Inês. Dentre os modelos analisados o modelo Wood foi o que teve melhor desempenho, apresentando maior Raj2 e menor AIC. As estimativas dos parâmetros do modelo Wood foram aproximadamente: a = 1,033; b = 0,267 e c = 0,061 para as ovelhas da raça Santa Inês e a = 1,611; b = 0,434 e c = 0,102 para as ovelhas mestiças (Lacaune x Santa Inês). O pico de produção de leite (produção máxima) foi de 1,174 litros para as ovelhas Santa Inês e 1,954 litros para as ovelhas mestiças, ambos ocorrendo entre a 4ª e 5ª semana de lactação. A produção total de leite (produção acumulada) foi de 115,293 litros para as ovelhas Santa Inês e 175,986 litros para as mestiças. A persistência da lactação (ln(s)) foi de 3,55 e 3,27 para as ovelhas Santa Inês e mestiças, respectivamente. O cruzamento entre as raças Santa Inês e Lacaune, promoveu um aumento considerável na produção de leite das ovelhas.