PROCESSOS PONTUAIS ESPACIAIS UNIVARIADOS APLICADOS À DISTRIBUIÇÃO DE ESPÉCIES ARBÓREAS EM FLORESTAS NATURAIS
Estatística espacial; Configurações pontuais; Modelos de Poisson; Modelos Cox; Espécies florestais
A maior parte das áreas florestais no mundo (3,75 bilhões de hectares) consiste em florestas de regeneração natural. No Brasil, aproximadamente 485.396.000 hectares são de florestas nativas. As florestas naturais, que incluem tanto florestas de regeneração natural quanto florestas nativas, devido à pouca intervenção da ação humana para seu reflorestamento, estabelecem internamente a que distância os indivíduos da mesma espécie ou de espécies diferentes devem estar para sua sobrevivência. Essas distâncias internas de separação definem distintos padrões de distribuição espacial das plantas (aleatório, agrupado e regular). Compreender os fatores responsáveis por esses padrões é crucial para um bom manejo florestal. Este estudo teve como objetivo investigar o padrão de distribuição espacial das espécies Siparuna guianensis, Xylopia brasiliensis, Copaifera langsdorffii e Myrcia splendens e modelá-lo para identificar os fatores diretamente ligados a ele. Estas espécies fazem parte de um fragmento florestal de Mata Atlântica de 6,2 hectares, existente no Campus da Universidade Federal de Lavras (UFLA), no estado de Minas Gerais, Brasil. Para isso, foram utilizados inventários florestais de 1987 a 2017, juntamente com métodos não paramétricos de kernel para caracterizar tendências de configuração espacial e as funções L_inhom e J_inhom para caracterizar padrões de distribuição espacial. Modelos Poisson e Cox foram ajustados usando método de máxima pseudo-verossimilhança e máxima verossimilhança Palm e validados por meio de análise de resíduos, Critério de Informação de Akaike e simulações de Monte Carlo (1000). A dinâmica espaço-temporal (1987-2017) revelou baixa mortalidade entre as espécies, com uma leve mortalidade durante 2015-2017 devido ao fenômeno El Niño registrado entre 2015 e 2016. Apesar disso, Copaifera langsdorffii, Myrcia splendens e Siparuna guianensis apresentaram crescimento limitado. A análise do padrão de distribuição espacial mostrou que Siparuna guianensis e Copaifera langsdorffii exibem tendência espacial mas não dependência espacial. As distribuições espaciais dessas espécies foram modeladas por meio do modelo de Poisson não homogêneo. Esse modelo mostra que a baixa abundância de Copaifera langsdorffii foi influenciada por fatores como acidez do solo, capacidade de troca catiônica efetiva, conteúdo de matéria orgânica e composição de argila, enquanto para a espécie Siparuna guianensis os fatores que influenciaram negativamente a intensidade são a baixa capacidade de germinação (<30\%) e a presença de alumínio. Em contraste, Xylopia brasiliensis e Myrcia splendens demonstraram dependência espacial intraespecífica. Modelos Cox revelaram que a acidez potencial e a matéria orgânica influenciam positivamente a intensidade da espécie {Xylopia brasiliensis, enquanto a umidade, cálcio, magnésio e alumínio influenciam negativamente a intensidade restrita de Myrcia splendens ao sudeste. Este estudo contribuiu para a compreensão da dinâmica espaço-temporal e dos padrões de distribuição espacial das espécies estudadas, fornecendo modelos explicativos para sua distribuição.