BIOFORTIFICAÇÃO AGRONÔMICA VIA APLICAÇÃO FOLIAR DE SELENATO DE SÓDIO NA CULTURA DO ALHO NOBRE
Allium sativum; biofortificação agronômica; alho nobre; selênio; segurança alimentar; nutrição; aplicação foliar.
A deficiência de selênio (Se) em solos e consequentemente nos alimentos e nas dietas humanas é um problema recorrente no Brasil e em diversas regiões do mundo. A biofortificação agronômica surge como uma alternativa sustentável para mitigar essa deficiência, promovendo o enriquecimento de alimentos com micronutrientes essenciais. Este estudo teve como objetivo avaliar a eficácia da aplicação foliar de selenato de sódio na biofortificação da cultura do alho nobre (Allium sativum L.), analisando seus impactos sobre a produtividade, qualidade dos bulbos, concentração de Se e os efeitos bioquímicos e fisiológicos nas plantas. O experimento foi conduzido em Lavras (MG) utilizando delineamento em blocos casualizados em esquema fatorial 2 × 5 (dois momentos de aplicação: 30 e 60 dias após o plantio (DAP); e cinco doses de Se: 0, 12,5, 25, 50 e 100 g ha−1). A aplicação foliar de selenato de sódio resultou em aumento linear nos teores de Se, tanto na parte aérea quanto nos bulbos, com maior eficiência observada na aplicação mais tardia (60 DAP). A dose máxima (100 g ha−1) promoveu um teor de até 1,93 mg kg-1 de Se nos bulbos, um valor 52 vezes superior ao tratamento controle (0 Se), sem causar fitotoxicidade ou comprometer características agronômicas como produtividade, classificação comercial e matéria seca. A simulação da ingestão diária de Se por meio do consumo médio brasileiro de alho (4,1 g dia-1) indicou que a biofortificação na dose máxima forneceria aproximadamente 2,77 μg de Se por dia, representando 5% da ingestão diária recomendada. Além disso, quando houve restrição hídrica, o selênio modulou positivamente o sistema antioxidante, reduzindo o estresse oxidativo e aumentando a atividade de enzimas como a superóxido dismutase (SOD). Conclui-se que a aplicação foliar de selenato de sódio é uma técnica viável e segura para a biofortificação do alho nobre, representando uma estratégia promissora para aumentar o valor nutricional de hortaliças em regiões com solos deficientes em selênio, sem comprometer o desempenho agronômico da cultura.