EFEITOS DO MANEJO DE EUCALIPTAIS E DAS CONDIÇÕES AMBIENTAIS SOBRE AS COMUNIDADES DA MESO E MACROFAUNA EDÁFICA
Dinâmica trófica. Heterogeneidade ambiental. Guildas tróficas. Sustentabilidade florestal. Biodiversidade funcional.
A fauna edáfica desempenha papel essencial na manutenção da estrutura e do funcionamento dos ecossistemas terrestres, atuando nos processos de decomposição da matéria orgânica, ciclagem de nutrientes e regulação populacional. Esses organismos formam comunidades complexas, compostas por diferentes guildas funcionais, nas quais as interações entre predadores e presas são fundamentais para o equilíbrio ecológico e a estabilidade das cadeias tróficas do solo. No entanto, atividades antrópicas, como a substituição da vegetação nativa por monocultivos de eucalipto, alteram profundamente essa dinâmica, reduzindo a diversidade de microhabitats e a disponibilidade de recursos. A implantação sucessiva de rotações de eucalipto, envolvendo corte raso, remoção de biomassa e replantio, intensifica a degradação do solo e promove a homogeneização da biota edáfica, comprometendo sua complexidade ecológica. Esses impactos são particularmente relevantes em regiões originalmente cobertas pela Floresta Atlântica, como em Minas Gerais, onde as plantações substituem ambientes de elevada heterogeneidade estrutural, grande acúmulo de serrapilheira e intensa atividade biológica. Além das práticas de manejo, variáveis ambientais como altitude, temperatura, umidade e teor de matéria orgânica também modulam a composição e a diversidade das comunidades do solo, influenciando as interações tróficas e a distribuição dos invertebrados. Este estudo tem como objetivo avaliar como as rotações do manejo florestal influenciam a estrutura das comunidades de invertebrados edáficos, com ênfase nas relações entre predadores e presas, comparando plantações de eucalipto sob duas e cinco rotações com fragmentos de Floresta Atlântica preservada. Serão analisadas a abundância, a riqueza e a diversidade desses organismos, bem como a influência de variáveis ambientais, incluindo umidade, temperatura, serrapilheira e altitude, sobre a composição e a estrutura das comunidades. Espera-se que áreas submetidas a maior número de rotações apresentem menor diversidade e abundância, além de enfraquecimento das interações tróficas, enquanto os fragmentos florestais conservados mantenham comunidades mais complexas e equilibradas. Os resultados esperados devem contribuir para a compreensão dos mecanismos ecológicos que sustentam a biodiversidade edáfica e oferecer subsídios para o desenvolvimento de práticas de manejo florestal mais sustentáveis, capazes de conciliar a produtividade com a conservação da fauna do solo.