Bioestimulantes e Voláteis de Plantas como ferramentas para o manejo de Dalbulus maidis (DeLong & Wolcott) (Hemiptera: Cicadellidae) em milho
bioestimulantes, semioquímicos, cigarrinha-do-milho, milho, defesas das plantas, respostas olfativas.
A crescente demanda agrícola intensificou o uso de produtos fitossanitários, cujo emprego excessivo e inadequado tem causado impactos significativos nos ecossistemas. Nesse contexto, torna-se essencial desenvolver sistemas produtivos mais sustentáveis, especialmente em culturas como o milho (Zea mays L.), amplamente afetado pela cigarrinha-do-milho, Dalbulus maidis (DeLong & Wolcott, 1923) (Hemiptera: Cicadellidae), uma das principais pragas dessa cultura. Diante desse cenário, a presente tese buscou investigar a aplicação e a eficácia de diferentes bioinsumos como estratégias de manejo para D. maidis. Foram avaliados os efeitos dos bioestimulantes silício (Si) e substâncias húmicas (SH), aplicados isoladamente ou em combinação, sobre a interação entre plantas de milho e D. maidis, considerando parâmetros vegetais, comportamento do inseto (aceitação hospedeira e preferência de oviposição), aspectos biológicos (desempenho, fecundidade e viabilidade embrionária) e mecanismos de defesa das plantas (compostos fenólicos totais e enzimas antioxidantes). A fertilização promoveu aumento significativo apenas no peso fresco e na biomassa radicular nos tratamentos com SH e Si+SH, sem alterações nos demais parâmetros morfométricos. Os bioestimulantes reduziram a oviposição nos ensaios sem chance de escolha, embora essa tendência não tenha se repetido nos ensaios com chance de escolha. O tempo de muda do primeiro para o segundo ínstar foi menor em plantas tratadas com Si+SH, com reduções também verificadas nos tratamentos isolados com Si e SH em relação ao controle. Contudo, fecundidade e viabilidade embrionária da geração seguinte não diferiram entre tratamentos. Quanto à indução de defesas químicas, houve redução nos compostos fenólicos totais induzidos e na atividade das enzimas SOD e CAT nos tratamentos com Si, SH e Si+SH. Também foram avaliados os efeitos de compostos orgânicos voláteis (VOCs) do milho — mirceno, linalol, salicilato de metila (MeSA) — e do jasmonato de metila (MeJA) sobre a preferência de oviposição de D. maidis. Em bioensaios com chance de escolha, o mirceno a 20 ng µL⁻¹ reduziu significativamente a oviposição, enquanto MeSA a 2 ng µL⁻¹, mirceno a 200 ng µL⁻¹ e linalol a 200 ng µL⁻¹ aumentaram a quantidade de ovos depositados. O MeJA não influenciou o comportamento de oviposição em nenhuma concentração testada. Esses resultados demonstram respostas comportamentais dose-dependentes da praga a VOCs específicos, com o mirceno atuando como repelente em dose moderada e MeSA, mirceno (em alta dose) e linalol como atrativos. Em conjunto, os achados destacam o potencial de bioestimulantes e compostos voláteis sintéticos como ferramentas promissoras para o manejo integrado da cigarrinha-do-milho, oferecendo alternativas sustentáveis capazes de modular o comportamento de oviposição de D. maidis.