BIOATIVIDADE DE ÓLEOS ESSENCIAIS DE LAMIÁCEAS PARA Spodoptera frugiperda (LEPIDOPTERA: NOCTUIDAE) E SELETIVIDADE FISIOLÓGICA PARA Trichogramma pretiosum (HYMENOPTERA: TRICHOGRAMMATIDADE)
Lagarta-do-cartucho. Produtos botânicos. Bioinseticidas. Parasitoides. Toxicidade
O controle de Spodoptera frugiperda (Lepidoptera: Noctuidae) é geralmente realizado com o uso de inseticidas sintéticos e tecnologia Bt; no entanto, a aplicação dessas ferramentas pode resultar em seleção de insetos resistentes e desequilíbrios biológicos. Como nova medida de controle, plantas da família Lamiaceae têm ganhado destaque devido à presença de compostos bioativos em seus óleos essenciais (OEs), que apresentam toxicidade a pragas. Contudo, é essencial avaliar a seletividade desses compostos em relação aos insetos benéficos. O objetivo desta pesquisa foi avaliar a bioatividade dos óleos essenciais de lamiáceas sobre S. frugiperda e seus efeitos sobre o parasitoide Trichogramma pretiosum (Hymenoptera: Trichogrammatidae). Foram utilizados os OEss comerciais de Rosmarinus officinalis e Mentha piperita, adquiridos da empresa Ferquima®, em bioensaios com aplicação tópica em lagartas de S. frugiperda e testes de seletividade para T. pretiosum em diferentes fases de desenvolvimento. Cinco doses foram determinadas por progressão aritmética (5, 9, 16, 30 e 55 µg de OE µL⁻¹ de acetona) para determinar a dose letal mediana (DL50), a probabilidade de sobrevivência e o tempo letal mediano (TL50). Análises cromatográficas foram usadas para identificar os compostos majoritários, os quais foram posteriormente adquiridos comercialmente na empresa Sigma-Aldrich®, para avaliar seu potencial de toxicidade. Foi realizado também testes por meio da mistura binária dos OEs para avaliar interações sinérgicas, aditivas ou antagônicas. Além disso, foram conduzidos experimentos com a DL50 encontrada para S. frugiperda e verificar a seletividade dessa dose para o parasitoide em suas fases imaturas (ovo/larva, pré-pupa e pupa) e adulta. Realizaram-se bioensaios com a exposição de ovos de Ephestia kuehniella (Lepidoptera: Pyralidae) contaminados para parasitismo e de alimentação de fêmeas com mel tratado. Observou-se que a DL50 foi de 27,27 µg µL⁻¹ para M. piperita e 28,36 µg µL⁻¹ para R. officinalis, que a probabilidade de sobrevivência dos insetos diminuiu proporcionalmente com o aumento das doses e que o TL50 foi de 144 h e 48 h para M. piperita e R. officinalis. O mentol, componente do OE de M. piperita, apresentou alta toxicidade para S. frugiperda. Na mistura binária dos OEs, o efeito apresentado foi aditivo. Quanto à seletividade, o OE de R. officinalis foi considerado inócuo, enquanto o de M. piperita foi classificado como prejudicial para o parasitoide na fase de pré-pupa, mas inócuo nos demais experimentos, conforme os critérios da Organização Internacional para o Controle Biológico (IOBC). Conclui-se que os OEs de R. officinalis e M. piperita são tóxicos para S. frugiperda e seletivos para T. pretiosum, demonstrando potencial como ferramenta sustentável para o manejo de S. frugiperda.