BIOLOGIA E ECOLOGIA QUÍMICA DE BESOUROS (INSECTA: COLEOPTERA) DE IMPORTÂNCIA FORENSE
Entomologia Forense. Ecologia química. Corpos em decomposição.
A Entomologia Forense aplica o estudo dos insetos em questões legais. O tempo de desenvolvimento dos insetos nos corpos em decomposição e o momento em que o inseto chega ao corpo podem indicar as circunstâncias da morte e auxiliar na resolução de casos criminais. Nesse contexto, estudos sobre o ciclo de vida e atratividade alimentar de insetos de importância forense tornam-se essenciais. Dentre os Coleoptera com importância forense, Oxelytrum discicolle (Brullé, 1840) (Coleoptera: Staphylinidae: Silphinae) e Deltochilum rubripenne (Coleoptera: Scarabaeidae: Scarabaeinae) são espécies com potenciais de bioindicação em investigações criminais. Este trabalho teve como objetivos: (1) mensurar o tempo de duração de cada estádio larval e de pupa de O. discicolle até a fase adulta, diferenciando entre fêmeas e machos; (2) medir a longevidade de cada indivíduo da espécie, diferenciando entre os sexos; (3) investigar a atratividade alimentar de machos de O.
discicolle e de fêmeas e machos de D. rubripenne por corpos de Sus scrofa nos estágios de decomposição fresco e avançado, colonizados ou não por artrópodes. O ciclo de vida de O. discicolle dura 16,73 ± 1,56 dias, sendo o estádio L3 (8,83 ± 0,17 dias) e a duração do ciclo total (17,38 ± 0,19 dias) maior para os machos. A longevidade de fêmeas e machos é de 62,63 ± 18,0 dias, não tendo diferença significativa entre os sexos. Com relação ao papel dos voláteis dos corpos nas interações com os besouros, machos de O. discicolle têm preferência por odores de corpos em decomposição nos estágios mais avançados em relação àqueles emitidos por corpos em estágio inicial de decomposição, sem interferência significativa na escolha quanto à colonização de artrópodes. Fêmeas e machos da espécie D. rubripenne são atraídos pelos estágios iniciais de corpos em decomposição, e a colonização prévia de artrópodes não interfere significativamente nessa escolha. Assim, este trabalho conclui que os voláteis liberados por corpos em decomposição devem modular a colonização dessas espécies em cadáveres, podendo ter importantes implicações para casos forenses.