SISTEMICIDADE E MECANISMOS DE DEFESA ATIVADOS POR FUNGICIDAS NO CONTROLE DA FERRUGEM DA SOJA
Translocação. Triazol. Estrobilurina. Soja, Ferrugem, Fisiologia da resistência.
O Brasil é o maior produtor mundial de soja, Apesar da alta produção, essa fabácea sofre com perdas de até 90% devido a Ferrugem Asiática da Soja (FAS). Dentre as formas de manejo da FAS destaca-se o controle químico com o uso da mistura de moléculas de triazóis com estrobilurinas, chamadas “Strobimix”, porém, é necessário conhecer os mecanismos de sua sistemicidade. Sendo assim, o objetivo desse trabalho foi avaliar a translocação de triazóis e estrobilurinas via raiz, sua sistemicidade nos terços superior e inferior de folíolos, pulverizados somente na região central e quantificar os níveis da enzima fenilalanina amônia-liase (PAL), compostos fenólicos solúveis totais e lignina solúvel de plantas de soja inoculadas com ferrugem antes e após a aplicação desses fungicidas. Em todos os ensaios foram utilizadas sementes de soja da cultivar Olimpo IPRO® e avaliados um princípio ativo do grupo dos triazóis e estrobilurinas. O delineamento experimental foi em blocos casualizados, composto por seis tratamentos e quatro repetições. No ensaio (I), foi utilizada a solução nutritiva de Hoagland e Arnon (1950) com duas plantas em cada vaso. Foram empregadas 4 doses dos fungicidas, quais sejam 15, 25, 50 e 100% da dose de bula, sendo 100% a dose de bula do ingrediente ativo (ia) A cada três dias foram feitas avaliações de severidade em todos os trifólios, com a escala diagramática de Franceschi et al. (2020), totalizando dez avaliações. Os valores de severidade foram integralizados em Área Abaixo da Curva de Progresso da Doença (AACPD), segundo a equação proposta por Shaner & Finney (1977). A eficiência de controle foi calculada com a equação de Abbott (1925). Ao final do experimento foi obtido o peso da parte aérea (PPAS) e das raizes secas (PRS) de todas as plantas. No segundo ensaio, a aplicação dos fungicidas foi realizada na face adaxial das folhas do terço médio do folíolo central do 3° trifólio, no estádio V4, sem possibilidade de escorrimento, para averiguar a sistemicidade para os terços superior (acropetal) e inferior (basipetal) . Após os primeiros sinais do patógeno, foram feitas avaliações de severidade no trifólio central a cada três dias, com a escala diagramática usada no ensaio anterior, totalizando seis avaliações. Os folíolos centrais foram coletados e escaneados no software ImageJ® v. 1.54g; (III). No terceiro ensaio, foram utilizadas cinco plantas para coleta em cinco tempos para análise bioquímica. Os fungicidas foram aplicados no estádio fenológico V4, em toda a planta, em ambas as superfícies da folha, com os mesmos IA’s e as mesmas doses do ensaio II. Em todos os ensaios, as plantas foram inoculadas com suspensão de 1,0 x 10 5 urediniósporos de Phakopsora pachyrhizi/mL em água + tween 2 0 a 0,05% sete dias após a aplicação dos produtos. As análises estatísticas foram realizadas no software R Studio em teste de Scott-Knott (p<0,05). No ensaio I, a menor fitotoxidez foi observada para as estrobilurinas, na menor dose, ou seja, a de 15% da dose de campo. Sendo assim, o patógeno foi inoculado cinco dias após os IA’s serem adicionados em solução nutritiva. Nessa dose, todos os fungicidas apresentaram sistemicidade a partir das raízes e reduziram a severidade da doença (p<0,05). No ensaio II, quando avaliada a translocação por meio da redução da intensidade da doença, observou-se eficiência de controle em todos os tratamentos. As estrobilurinas apresentaram sistemicidade nas duas direções, tanto acropetal quanto basipetal, porém o triazol também obteve essa eficiência. Antes de tranlocar via xilema, esse produto também transloca via mesostêmica, possibilitando o controle também de forma baispetal. No ensaio III, houve picos das atividades da enzima PAL às 24 horas e 72 horas após a inoculação. Para os compostos fenólicos solúveis totais houve alteração apenas às 72 horas após a inoculação.