REMOÇÃO DOS HERBICIDAS 2,4-D E PICLORAM UTILIZANDO COMPÓSITO BIOCARVÃO@DIÓXIDO DE TITÂNIO
Remediação; Fotocatálise; Adsorção; Fotodegradação.
Os herbicidas são amplamente utilizados no controle de plantas invasoras, mas seus resíduos e produtos de degradação podem contaminar o ambiente, afetando tanto organismos não-alvo quanto a biodiversidade. Entre esses compostos, o 2,4-D e o picloram tem recebido destaque devido à sua toxicidade, persistência no solo e alta mobilidade, tornando imprescindível o desenvolvimento de métodos eficientes para sua remoção de solos, água e sedimentos. Os fotocatalisadores de TiO2, por exemplo, fornecem descontaminação rápida e eficiente de matrizes contaminadas por pesticidas. Entretanto, enfrentam problemas relacionados à recuperação e eficiência catalítica considerável apenas sob irradiação ultravioleta. Nesse sentido, materiais à base de carbono, como os biocarvões, têm recebido atenção especial na formação de compósitos com fotocatalisadores, como TiO2, melhorando a performance de remoção de contaminantes e favorecendo o reuso do material. Nesse contexto, este trabalho avalia a utilização de biocarvões oriundos de bagaço de cana-de-açúcar obtidos em diferentes temperaturas de pirólise como materiais suportes para o TiO2 na remoção dos herbicidas 2,4-D e picloram de meio aquoso. O compósito de melhor desempenho de remoção para os herbicidas (BDT900) foi preparado com o biocarvão BC900, obtido na temperatura de 900 °C. Para este compósito, a microscopia eletrônica de varredura revelou a impregnação de TiO2 sobre as cavidades na superfície do biocarvão. A espectroscopia no infravermelho por transformada de Fourier mostrou a formação de ligações C=C associadas a anéis aromáticos no biocarvão, resultantes das estruturas grafíticas geradas durante o processo de pirólise em condições de alta temperatura. O uso de banho ultrassônico no preparo do compósito mostrou-se eficaz em aumentar a capacidade de adsorção do biocarvão, devido à desobstrução de poros e cavidades da estrutura carbonácea. Isso contribuiu para que a adsorção dominasse sobre os processos fotocatalíticos de remoção na primeira hora de aplicação do compósito sob a incidência de radiação UV-C. Os estudos cinéticos de degradação do picloram e 2,4-D pelo compósito BDT900 mostraram uma eficiência de remoção superior a 89% em um período de 6 horas sob incidência de luz UV-C. A mistura dos precursores BC900 (após sonicação) + TiO2 apresentou uma capacidade de remoção global dos herbicidas semelhante à obtida pelo compósito BDT900, sugerindo pouco sinergismo na formação do compósito em relação ao processo de fotodegradação. Entretanto, a extensão dos processos adsortivos e fotocatalíticos foram alteradas devido aos efeitos de alteração no número de sítios de adsorção e alteração na absorção efetiva de luz pelo fotocatalisador. Por outro lado, o reuso do compósito foi favorecido em relação ao da mistura, com facilidade no processo de decantação do material. Essas descobertas mostram o potencial do BDT900 como excelente material adsorvente e fotocatalisador para a remediação de água contaminada com 2,4-D e picloram.