Filmes de pectina com nanopartículas de lignina Kraft (NPLKs): propriedade de bloqueio da Radiação UV
Filmes, embalagens ativas, antioxidante, fotossencível
Estima-se que sejam produzidos cerca de 200 bilhões de toneladas de resíduos de origem vegetal em todo mundo. Desses, 90% são classificados como resíduos lignocelulósicos. Esses resíduos são ricos em lignina e outras biomacromoléculas que possuem grande potencial de uso, porém, são negligenciadas e utilizadas em aplicações pouco nobre.
A lignina é o componente mais abundante da parede celular vegetal da biomassa depois da celulose, e possui características interessantes como boa aromaticidade, grupos funcionais reativos, resistência à radiação ultravioleta (UV) e à oxidação, alta estabilidade térmica, biocompatibilidade, além de ser biodegradável, de fonte renovável e de baixo custo. Geralmente obtida como coproduto da polpação Kraft da madeira de eucalipto para produção de celulose, estima-se que sejam produzidas mais de 70 milhões de toneladas de lignina Kraft todos os anos, sendo apenas 2% utilizada na preparação de materiais de valor agregado. Além disso, estudos mostram que partículas de lignina, quando em escala nanométrica, tem suas propriedades potencializadas. Assim, a lignina se constitui uma matéria prima em potencial na produção de materiais mais sustentáveis.
Sabe-se que a indústria de alimentos tem grande interesse por embalagens ativas, com propriedades antioxidantes e com proteção UV, uma vez que evitam a degradação de compostos fotossensíveis e a perda de nutrientes. Assim, o desenvolvimento de filmes contendo nanopartículas de lignina para revestimento de frutas pode ser uma alternativa às embalagens plásticas, não biodegradáveis e de fontes não renováveis, utilizadas atualmente.
Porém, a lignina sozinha não forma filmes flexíveis, sendo necessário o uso de uma base como, por exemplo, a pectina. Esse polissacarídeo possui excelentes propriedades físico-químicas, permeabilidade seletiva, forma filmes flexíveis e é biodegradável. Apresenta-se, por isso, como uma matéria-prima conveniente para a indústria de embalagens para alimentos.
Dessa maneira, o objetivo desse trabalho é preparar filmes a base de pectina e nanopartículas de lignina e avaliar o potencial antioxidante e de absorção UV desse material e seu uso como embalagens para alimentos.