AVALIAÇÃO DO EFEITO INSETICIDA DE COMPOSTOS OBTIDOS DO CAFÉ (Coffea arabica) SOB DIFERENTES ESTÁGIOS DE DESENVOLVIMENTO DE Aedes (Stegomyia) aegypti Linnaeus, 1762
Mosquito, Dengue, Produto Botânico, Histologia, Control
O inseto Aedes aegypti é um importante vetor de doenças, sendo a Febre amarela, Dengue, Chikungunya e Zika as mais relacionadas ao inseto. A maioria das doenças transmitidas pelo A. aegypti se baseia exclusivamente no controle do vetor utilizando inseticidas químicos, o que provoca a seleção de populações resistentes. O café (Coffea arabica), por sua vez, possui propriedades químicas muito exploradas pela indústria, principalmente a alimentícia. Seus grãos de qualidade inferior, isto é, sem uso pela indústria, são na maioria das vezes descartados. Desta forma, o presente estudo teve como objetivo avaliar os efeitos dos extratos obtidos de grãos de café de qualidade inferior sobre A. aegypti em diferentes estágios de desenvolvimento. A obtenção da colônia de A. aegypti foi feita no Laboratório de Biologia Parasitária II da Universidade Federal de Lavras. Os insetos da linhagem Rockefeller foram mantidos em condições ambientais controladas. Os extratos de café verde e torrado foram obtidos por meio de grãos de qualidade inferior cedidos pelo departamento de agronomia da UFLA e processados através da técnica de refluxo simples sólido-líquido no Departamento de Química/UFLA. Para avaliar a ação do composto foram realizados bioensaios com larvas do mosquito, onde os extratos foram acrescentados em um recipiente contendo água e larvas de terceiro instar (L3) como proposto pela OMS e com algumas modificações. O bioensaio com insetos adultos foi realizado por meio da impregnação de garrafas de vidro com os extratos e com a introdução dos insetos, os quais permaneceram neste ambiente por 1 hora. A fim de avaliar a ação dos extratos nos tecidos dos insetos foi realizado também análises histológicas. Foi possível observar que no bioensaio do efeito larvicida, os extratos apresentaram mortalidades significativas. O extrato de café verde diluído em DMSO a 1% causou mortalidade de 96% na concentração mais alta (100 mg/ml e 200µl de DMSO (1%)) e apresentou DL50 de 27,05 mg/1 mL. Para o bioensaio com extrato de café verde, a mortalidade após 72h na maior concentração foi de 98,3% sendo que a DL50 foi de 19,811 mg/1 mL. O extrato de café torrado e diluído com Tween a 1% apresentou após 72h uma mortalidade de 100% e sua DL50 foi de 6,143 mg/1 mL. Os resultados demonstram que o café de qualidade inferior, que era descartado, apresenta potencial para o controle desse inseto.