Avaliação biomecânica comparativa da técnica de TPLO com uso de parafusos bicorticais ou monocorticais em modelos sintéticos de tíbia de cães
ligamento cruzado cranial, articulação do joelho, osteotomia tibial, teste biomecânico
A doença do ligamento cruzado cranial (LCCr) é a principal causa de claudicação em membros pélvicos de cães. Dentre as opções de tratamento cirúrgico, as técnicas de osteotomias tibiais são consideradas como padrão ouro na correção da afecção, tendo destaque a osteotomia de nivelamento do platô tibial (TPLO). O objetivo deste estudo foi avaliar a resistência mecânica de implantes de TPLO fixados com parafusos proximais bicorticais ou monocorticais de diferentes comprimentos em modelos ósseos sintéticos de tíbia canina. O estudo consistiu em ensaio biomecânico compressivo conduzido com 24 tíbias sintéticas de cães, as quais foram divididas aleatoriamente em 4 grupos compostos por 6 espécimes em cada. As tíbias foram submetidas à estabilização por meio da técnica TPLO, variando-se o comprimento dos parafusos monocorticais utilizados na fixação proximal da placa. O grupo 1 (G1) foi tratado com parafusos proximais bicorticais (controle), enquanto os grupos 2, 3 e 4 (G2, G3 e G4) receberam parafusos proximais com 75%, 50% e 25% do comprimento transcortical, respectivamente. Todos os espécimes foram submetidos a ensaios mecânicos de compressão axial em uma máquina de teste universal, com avaliação das seguintes variáveis: carga máxima (CM), deslocamento na carga máxima (DCM), carga no colapso (CC), deslocamento no colapso (DC), deformação à compressão (DefC) e energia (E). No teste estatístico de Dunnet, na avaliação comparativa dos grupos estudados com o grupo controle (grupo 1), observou-se que o grupo 2 não apresentou diferença significativa em nenhuma das variáveis analisadas; o grupo 3 não apresentou diferença apenas nas variáveis CM e CC, mas demonstrou diferença com redução significativa nas demais variáveis; e o grupo 4 apresentou diferença com redução significativa em todas as variáveis. No teste de Scott-Knott comparando os grupos entre si nas variáveis estudadas, observou-se que nas variáveis CM e CC os grupos 1, 2 e 3 não apresentaram diferença significativa entre si, mas o grupo 4 apresentou redução significativa em relação aos demais grupos. Nas demais variáveis DCM, DC, DefC e E, os grupos 1 e 2 não apresentaram diferença entre si, o mesmo ocorrendo entre os grupos 3 e 4, mas houve diferença com redução significativa na comparação dos grupos 3 e 4 com os grupos 1 e 2. Pode-se concluir que a estabilização proximal da placa na técnica de TPLO pode ser realizada com parafusos monocorticais com 75% do comprimento transcortical, pois demonstraram desempenho biomecânico semelhante aos parafusos bicorticias. Parafusos monocorticais com 50% do comprimento transcortical demonstraram desempenho biomecânico semelhante aos parafusos bicorticais apenas em algumas variáveis estudadas, e podem ser utilizados com cautela. Parafusos monorcorticais com 25% do comprimento transcortical demonstraram desempenho biomecânico inferior aos parafusos bicorticais em todas as variáveis estudadas, e não devem ser utilizados.