Avaliação Biomecânica das Técnicas de TPLO e CBLO para Ruptura do Ligamento Cruzado Cranial em Cães – Estudo Ex Vivo
Ensaio biomecânico, articulação do joelho, osteotomias tibiais, cão
A doença do ligamento cruzado cranial (LCCr) é uma das injúrias mais comuns do joelho canino, sendo que a intervenção cirúrgica para estabilização articular é o tratamento mais recomendado, objetivando eliminar a translação cranial da tíbia. A técnica de osteotomia tibial mais utilizada é a osteotomia de nivelamento do platô tibial (TPLO). Foram desenvolvidas técnicas mais recentes de osteotomia, tal como a osteotomia de nivelamento baseado no CORA (CBLO). As propriedades mecânicas das novas técnicas de estabilização precisam ser avaliadas usando modelos ex-vivo de articulações de joelhos. Assim, o objetivo deste estudo foi avaliar e comparar, por meio de ensaios biomecânicos, a estabilidade articular e a resistência obtida em joelhos caninos ex-vivo com secção experimental do LCCr e estabilizados pelas técnicas de TPLO e CBLO. Foram incluídos 24 membros pélvicos provenientes de 12 cães de raças, idades e sexo diversos, com peso corporal acima de 21kg. Após desarticulação coxofemoral e tibiotársica e posterior avaliação radiográfica, os membros foram montados à máquina universal de ensaio mecânico, fixados em plataformas móveis e ligados ao fêmur e à tíbia, com articulação do joelho íntegra angulada em torno de 135º, sendo aplicada carga vertical de 50% do peso corporal. O LCCr foi então rompido por miniartrotomia craniomedial e com nova aplicação de carga vertical. Nos pares de articulações dos joelhos, um lado foi estabilizado pela técnica de TPLO, com ângulo do platô tibial (APT) pós-operatório de aproximadamente 5º, e o lado contralateral pela técnica de CBLO, com APT pós-operatório de aproximadamente 10º. Os membros foram remontados à máquina de ensaio universal, com nova aplicação de força vertical. A estabilidade articular foi avaliada pelo deslocamento horizontal, que representa o impulso tibial cranial. Por fim, os membros foram posicionados com angulação do joelho em 135°, com fixação do fêmur e da tíbia em plataformas fixas, e foram submetidos ao ensaio de compressão axial destrutivo com aplicação de carga crescente. Foi observado o deslocamento vertical, a carga máxima suportada pelos corpos de prova e características de falha do sistema. Os resultados obtidos não apontaram diferença significativa entre a TPLO e CBLO em relação ao deslocamento horizontal (impulso tibial cranial), nem à movimentação vertical e força máxima suportada. Em nenhuma das duas técnicas, os dados se aproximaram dos dados do joelho intacto. Conclui-se que não houve diferença em relação à estabilidade articular e resistência na comparação biomecânica das técnicas de TPLO e CBLO, tornando a CBLO uma opção a ser considerada no tratamento da doença do LCCr em cães.