Sobre raças, espécies filogenéticas e microbioma bacteriano em quatro cultivares de bananeira com diferentes níveis de resistência à murcha de Fusarium
Doença de planta, Mal de Panamá; etiologia; manejo integrado
A doença mais importante da bananeira no Brasil e no mundo é a murcha de Fusarium (FWB), também conhecida como mal de Panamá, causada por Fusarium oxysporum f. sp. cubense (Foc). Esse fungo compreende três raças com base na suscetibilidade do hospedeiro. A raça 1 (Foc R1) causa doença em cultivares de banana como Gros Michel (Grupo AAA) e Maçã / Latundan (Seda, AAB); raça 2 (Foc R2) afeta cultivares de banana como Bluggoe (grupo ABB), enquanto a raça 4 (Foc 4) afeta cultivares do tipo Cavendish (grupo AAA), inclusive cultivares suscetíveis a raça 1 e 2. O controle químico não é viável e pouco eficaz, mas o controle biológico em estágios iniciais mostrou resultados promissores. O uso de cultivares resistentes é postulado como a única medida eficaz para controlar a doença. Este trabalho objetiva (i.) realizar análise comparativa do microbioma bacteriano da rizósfera e endorizosfera de cultivares com diferentes níveis de resistência; (ii.) esclarecer se os perfis observados apresentam diferenças, que poderiam ser indicativas à tolerância ou resistência à doença; (iii.) caracterizar isolados de Foc obtidos da rizosfera e raízes de cultivares diferentes por meio de análise de filogenia molecular; (iv.) testar a reação de diferentes cultivares à inoculação por esse isolados. Ao existir diferenças no perfil bacteriano, será possível identificar bactérias benéficas recrutadas pela planta e determinar sua importância sobre o desenvolvimento da murcha de Fusarium. Coletas foram realizadas em Aguaí SP, obtendo 48 amostras da rizosfera, endorizosfera e solo de quatro diferentes cultivares da bananeira em área com ocorrência da FWB. Para análise das comunidades bacterianas foi realizada a extração de DNA das 48 amostras e a região 16S DNA amplificada. Foram realizados isolamentos de Foc na rizosfera e raízes das plantas, obtendo 9 isolados do morfotipo F. oxysporum. Esses isolados foram cultivados e as culturas monospóricas foram utilizadas para análise de filogenia molecular utilizando a região gênica TEF pelo método de Máxima Parsimônia no programa MEGAX. As cultivares Grande Naine e Maçã tradicional, respectivamente resistente e susceptível a FOC, foram inoculadas com 11 isolados de FOC (9 isolados obtidos nas coletas e 2 pertencentes a CML) para teste de patogenicidade e determinação de raça. Como resultado preliminar, foram identificadas duas espécies filogenéticas, Fusarium callistephi e F. triseptatum. Isolados representantes das duas espécies identificadas induziram sintomas na cultivar maçã, representando portanto raça 1. Considerando os resultados e a literatura, genes usados para delimitar as espécies não tem relação com a patogenicidade específica do hospedeiro. Assim, podemos inferir que a patogenicidade pode ser adquirida através de mecanismos de transferência horizontal e a forma specialis é representada por mais que uma espécie filogenética. A extração de DNA metagenômico e a amplificação da região 16S gerou em média 30.000 unidades taxonômicas operacionais (OUT’s). O agrupamento e identificação das bactérias está em andamento.