A importância das camadas orgânicas para avaliação e preservação da diversidade microbiana
dos solos tropicais.
Diversidade microbiana, 16S rRNA, ITS, 18S rRNA, ciclo do N.
A microbiota do horizonte orgânico dos solos florestais da Amazônia representa uma comunidade ainda pouco explorada. A mudança do uso do solo na amazônia altera a diversidade e composição dos microrganismos do solo, mas pouco esforço foi feito para observar as comunidades associadas às camadas orgânicas e como o desmatamento pode afetá-las. O presente estudo investigou as diferenças entre o horizonte orgânico e o solo mineral de uma floresta e uma pastagem em relação à composição e diversidade microbianas, assim como a
abundância de genes funcionais do ciclo do nitrogênio (N). O efeito da conversão florestapastagem na diversidade microbiana também foi avaliado incluindo o horizonte orgânico nas análises. Foram coletadas camadas em diferentes estágios de decomposição da matéria orgânica (folhas inteiras e fragmentas e húmus) e o solo mineral (0-10cm) de uma floresta e uma pastagem no Pará- Brasil. As comunidades de bactérias, fungos totais e fungos micorrízicos arbusculares (FMA) foram sequenciadas utilizando o gene 16S rRNA, ITS e 18S rRNA, respectivamente. Os principais grupos do ciclo N foram quantificados por qPCR (fixadores de N2, AOB, AOA e desnitrificadores). Foram encontradas distintas comunidades microbianas entre as camadas orgânicas e o solo mineral da floresta e da pastagem. Foi observado um gradiente de comunidades em direção ao solo mineral nos dois usos da terra. Os grupos do ciclo do N (exceto AOB) foram mais abundantes na serapilheira fragmentada da pastagem. Esses grupos foram abundantes no horizonte H da floresta e, assim como na pastagem, AOB também foi abundante na serapilheira. A riqueza e diversidade de bactérias não foi acentuadamente diferente entre o horizonte orgânico e solo mineral. Observou-se diferenças mais destacadas para fungos totais nas camadas de folhas inteiras e fragmentadas de ambos os usos do solo e para FMA, nas
camadas com maior presença ou influência de raízes (camada de húmus na floresta e rizosfera da pastagem). Mesmo considerando o horizonte orgânico nas análises, a alfa diversidade de bactérias foi maior na pastagem, mas essa inclusão contribuiu para o aumento da beta diversidade da floresta. Fungos totais também foram mais diversos na pastagem e a diversidade de FMA não diferiu entre os dois usos do solo. Esses resultados sugerem que o compartimento orgânico contribui fortemente para a diversidade microbiana e pode ser crucial para a
manutenção de ciclos biogeoquímicos, como o do N.