Reaproveitamento de subprodutos da cadeia produtiva do café para o desenvolvimento de produtos biotecnológicos.
Café. Leveduras. Fermentação alcóolica. Subprodutos.
O café é uma commodity mundialmente importante, representando uma porção significativa da economia de diversos países. O processamento dos frutos de café gera uma grande variedade e volume de subprodutos, como a casca, polpa e a borra de café. Paralelamente, aumentou-se nos últimos anos o interesse por matérias-primas alternativas que possam ser utilizadas em processos fermentativos. Este trabalho teve como objetivo avaliar subprodutos do processamento do café como substratos alternativos na fermentação alcoólica e no desenvolvimento de novos produtos biotecnológicos. O primeiro artigo avaliou o uso da polpa de café úmida e seca, água residuária do processamento do café via úmida, melaço e sacarose comercial como substratos em fermentações alcoólicas. O tratamento com polpa de café úmida e sacarose resultou no melhor desempenho fermentativo e as condições foram aplicadas para a produção de uma bebida destilada. A bebida apresentou teor alcoólico de 38% (v/v) e 48 compostos voláteis foram identificados, sendo a maioria etil ésteres normalmente associados com aromas florais e frutados. O segundo artigo consistiu na produção em escala piloto de duas bebidas destiladas utilizando o subproduto gerado na produção de óleo de café. Foram conduzidas fermentações de 40 litros com 10% e 20% (m/v) do resíduo de grãos de café seguidas por destilação em alambique de cobre. Um total de 62 compostos voláteis foram identificados, sendo a maioria afetada pela variação na concentração do resíduo de grãos de café. Na análise sensorial por painel treinado, a bebida com a concentração de 10% (v/v) foi caracterizada por aromas florais, lácteos e de amêndoas, enquanto a bebida com 20% foi relacionada a aromas de café, vegetais, repolho cozido, avelãs e nozes. Ambas bebidas apresentaram resultados satisfatórios, principalmente a com 10% (m/v) do resíduo, demonstrando o potencial de utilização desse resíduo na produção de aguardente. Além disso, a vinhaça obtida no segundo trabalho foi utilizada em estudos preliminares com o intuito de recuperar ácido clorogênico. A vinhaça tinha concentração inicial de 3,16 g/L de ácido clorogênico e o extrato final tinha 11,96 g/L do mesmo, chegando a concentrar o composto de interesse 3,9 vezes. Por fim, tem-se a demonstração do uso de um destilado obtido a partir de café como solução atrativa no controle da broca-de-café. A invenção possibilitou o monitoramento e controle da praga sem necessidade da utilização de inseticidas e compostos tóxicos em campo.