FERMENTADOS DE MACROFUNGOS CULTIVADOS EM TORTAS DE SEMENTES DE ALGODÃO OU PINHÃO-MANSO
COMO FONTE DE BIOATIVOS, ENZIMAS E NUTRIENTES PARA PRODUÇÃO BACTÉRIAS PROBIÓTICAS
Tortas de sementes oleaginosas, basidiomicetos, gossipol livre, éstres de fobol, bactérias probióticas, atividades antimicrobiana
O Programa Nacional de Biodiesel superou as suas metas iniciais em poucos anos, mas as fontes de óleo vegetal
para a produção de biodiesel no Brasil não são muito variadas, dependendo quase que exclusivamente da soja. A adoção de novas matérias-primas depende, entre outras coisas, do valor comercial de seus coprodutos, já que a torta de soja tem um mercado promissor na indústria de ração animal. Os óleos de algodão e de pinhão-manso têm boas qualidades para o uso como biodiesel, mas suas tortas residuais são tóxicas e a destoxificação fúngica delas pode possibilitar o seu uso na nutrição animal, agregando valor a esses coprodutos. Este trabalho teve o objetivo de avaliar a eficiência dos macrofungos das coleções do INPA e da Embrapa Agroenergia na destoxificação de torta de caroço de algodão (CSC) e torta de semente de pinhão-manso (JSC) por meio de fermentação em estado sólido, como também a caracterização química dessas biomassas, bem como as bioatividades dos fermentados quanto a potencial aplicação como antimicrobiano e aditivo para nutrição animal. Quatro dos 26 fungos viáveis foram capazes de reduzir os níveis de ésteres de forbol na TSPM para níveis considerados atóxicos (<0,09mg/g) e pelo menos um degradou eficientemente o gossipol livre na CSC. Os fermentados dos macrofungos INPA1646 e INPA1696 em JSC e CSC, respectivamente, apresentaram aumento das concentrações de β-glucanas e ergosterol, redução da atividade antioxidante destes coprodutos e na produção eficiente de enzimas celulolíticas, lignolíticas e proteolíticas, principalmente pelo INPA1696. As análises químicas (bromatológica e o ensaio de NRel) mostraram que não houve degradação de lignina pelos fungos e, por isso, não reduziu o teor de fibras ou aumento da digestibilidade das biomassas durante o tempo de fermentação (15 dias). No entanto, os fermentados apresentaram aumento nas concentrações de proteínas solúveis, pela ação proteolitíca das enzimas secretadas pelos macrofungos. A análise de atividade prebiótica dos fermentados fúngicos (sólidos e submersos) e biomassas vegetais mostrou que o sobrenadante seco de JSC não fermentada é mais eficiente do que glicose, FOS e inulina em estimular o crescimento de L. acidophilus, B. lactis, L. plantarum e L. rhamnosus. Além disso, o uso de CSC na fermentação submersa de INPA1646, INPA1696, CC40 e EF88 apresentou sobrenadantes mais favoráveis ao crescimento de L. acidophilus. Estes mesmos macrofungos geraram sobrenadantes mais favoráveis ao crescimento de B. lactis na fermentação estado sólido utiliznado JSC. Para atividade antimicrobiana, nenhum tratamento apresentou halo de inibição das bactérias enteropatogênicas igual ou maior ao antibiótico. No entanto, os extratos aquosos dos fermentados de CC40 e de INPA1646, na condição de cultivo solido em CSC, na concentração de 100 mg/mL, apresentaram halos de inibição com diâmetros de 1,2 e 0,73 cm, respectivamente, para a cepa de Salmonella enteria testada. Além disso, os sobrenadantes do crescimento de L. acidophilus, B. lactis e L. rhamnosus cultivados nos extratos aquosos e sobrenadantes de todos os macrofungos nas diferentes condições foram mais eficientes na inibição do crescimento de S. aureus que os sobrenadantes desses nos meios controles, o que indica possível atividade antimicrobiana.