CLIMATE CHANGE IMPACTS ON THE HYDROLOGY OF THE UPPER-MIDDLE GRANDE RIVER BASIN, SOUTHEAST BRAZIL
Simulação hidrológica. Modelo LASH. Mudanças climáticas. Potencial hidroelétrico.
No Brasil, aproximadamente 70% de toda energia elétrica é produzida por meio de usinas hidrelétricas (UHEs), tornando o país extremamente dependente do regime hidrológico. Assim, a capacidade de geração de energia elétrica no país pode ser comprometida em função das alterações no regime hidrológico, em especial, devido às mudanças climáticas. Nesse sentido, a modelagem do comportamento hidrológico de bacias hidrográficas representa uma importante ferramenta no contexto de gestão dos recursos hídricos, sendo usado na avaliação de impactos, especialmente associados a mudanças climáticas. O objetivo desse estudo foi aprimorar a estrutura do modelo Lavras Simulation of Hydrology (LASH) com a inserção do conceito de Unidades de Respostas Hidrológicas (HRUs) potencializando sua capacidade de simular o escoamento superficial e também o armazenamento de água no solo bem como aplicar o modelo na simulação dos impactos nas condições hidrológicas e no potencial de geração de energia elétrica da usina hidrelétrica de Furnas (UHE-Furnas). O modelo foi calibrado e validado usando essa nova abordagem para a bacia hidrográfica do rio Grande, com seção definida na Usina Hidrelétrica de Furnas. Os resultados do coeficiente estatístico de Nash-Sutcliffe (CNS), com passo diário, foram de 0,86 e 0,77, paras as etapas de calibração e validação, qualificando o modelo como de alta performance para a simulação. O armazenamento de água no solo mostrou-se condizente com as características geomorfológicas, climáticas e de uso do solo. Os resultados relacionados aos impactos hidrológicos de mudanças climáticas indicam redução da vazão média mensal durante todo o período analisado, independentemente do modelo climático (Eta-HadGEM2-ES, Eta-MIROC5 e Eta-CanESM2) e cenário RCP 8.5, com projeções mais críticas baseadas no modelo Eta-HadGEM2-ES. Estes resultados poderão levar a reduções no potencial hidrelétrico da UHE-Furnas, com impactos na produção anual de energia de até -53% ao longo do século XXI.