Carbon and nitrogen dynamics and interaction with the hydrological cycle in an
Atlantic Forest Fragment.
Palavras-chaves: Hidrologia florestal, entrada de nutrientes, características estruturais das
árvores, armazenamento de carbono no solo.
As florestas são essenciais para manutenção da disponibilidade de água e nutrientes, das
reservas de carbono e do clima global, e sua conservação é indispensável do ponto de vista
social, econômico e ambiental. Os aspectos relacionados à partição da precipitação, assim
como o comportamento dos nutrientes em florestas constituem um campo em constante
desenvolvimento. Neste contexto, a presente tese objetivou avaliar a dinâmica das entradas
via precipitação, de carbono e nitrogênio em um remanescente de Mata Atlântica (Floresta
Estacional Semidecidual Montana), em Lavras-MG, bem como analisar os fatores bióticos
e abióticos que influenciam o enriquecimento do carbono no escoamento pelo tronco; e o
comportamento do armazenamento do carbono no solo até 1 metro de profundidade nas
estações seca e chuvosa, identificando os fatores que afetam esse armazenamento. Foram
coletadas amostras entre maio de 2018 e abril de 2019 da precipitação bruta (externa), e da
precipitação interna e do escoamento pelo tronco em 10 locais selecionados no interior do
remanescente florestal, considerando as espécies mais abundantes e a distribuição espacial.
As variáveis físicas e químicas avaliadas incluíram pH, condutividade elétrica, carbono
total dissolvido, nitrato, nitrito e nitrogênio total Kjeldahl. Para análise do teor de carbono e
cálculo do estoque na serrapilheira e no solo, no mesmo período, a serrapilheira foi
coletada, seca e pesada, mensalmente. Para a coleta do solo, em 7 profundidades (0-5, 5-10,
10-20, 20-30, 30-40, 40-60, 60-100 cm), foram selecionados 4 meses no período (maio,
agosto e dezembro de 2018 e abril de 2019), e o teor de carbono foi analisado nas amostras
de serrapilheira e solo, correspondentes aos meses selecionados. Como resultado
identificou-se que a chuva é enriquecida com carbono e nitrogênio ao atravessar a floresta;
75% das entradas de carbono e nitrogênio no solo, via precipitação efetiva, ocorreram na
estação chuvosa; e os mesmos locais tiveram as entradas mais altas, independentemente do
período analisado. A concentração de carbono no escoamento pelo tronco foi maior que na
precipitação interna e bruta, e maior na estação seca do que na chuvosa. Além disso, as
razões de enriquecimento de carbono foram sensíveis às características estruturais das
árvores e às condições meteorológicas, destacando a estrutura da casca, área da copa,
intensidade máxima da precipitação e a sazonalidade. O teor de carbono no solo diminui
com a profundidade, e na camada superficial (0-10 cm) foi maior na estação chuvosa. A
análise multivariada identificou que as variáveis selecionadas como significativas para o
armazenamento do carbono foram temperatura do solo, teor de carbono na serrapilheira,
condutividade hidráulica e coeficiente de variação do diâmetro das árvores na parcela. O
modelo de correlação foi capaz de explicar 80% do carbono armazenado no solo. Assim, os
resultados obtidos melhoram nossa compreensão dos processos de deposição, lixiviação e
absorção de nutrientes pelas copas e da importância da floresta tropical no ciclo hidrológico
e de nutrientes com destaque para o ciclo do carbono, o qual guarda estreita relação com as
mudanças climáticas. Tal compreensão pode fundamentar melhores estratégias de manejo e
conservação de florestas e bacias hidrográficas.