Modelagem determinística e probabilística da qualidade das águas superficiais utilizando o
Qual-UFMG: uma ferramenta de gerenciamento de recursos hídricos aplicada nas vertentes do Rio
Grande – Brasil.
Autodepuração. Enquadramento. Poluição das águas. Tratamento de esgotos. Padrão de lançamento.
Objetivou-se com realização desse trabalho, avaliar a utilização de uma metodologia de modelagem matemática da qualidade das águas superficiais, determinística e probabilística, aplicável como ferramenta de gestão de recursos hídricos na tomada de decisão para a alocação de recursos e definição de usos em quaisquer bacias hidrográficas. Para essa finalidade, utilizou-se, como estudo de caso, a bacia hidrográfica GD-2 (vertentes do rio Grande), localizada no estado de Minas Gerais, Brasil. Foram considerados os lançamentos de esgoto sanitário das sedes urbanas de 30 municípios, empregando o modelo Qual-UFMG, juntamente com simulações Monte Carlo, possibilitando a realização das simulações de diferentes condições. Empregando as variáveis DBO (demanda bioquímica de oxigênio), OD (oxigênio dissolvido), Coliformes Termotolerantes, Nitrogênio e Fósforo, considerou-se 4 cenários: condição atual (C-01); tendencial para o ano de 2033 (C-02), considerando o crescimento populacional e as metas dos municípios; o atendimento ao novo Marco Legal do Saneamento em 2033 (C-03), tendo 90% de coleta e tratamento de esgotos; e atendimento ao enquadramento proposto para a bacia (C-04). Em C-01 e C-02, a condição da bacia esteve sistematicamente fora dos limites do enquadramento, sobretudo para as variáveis Fósforo e Coliformes Termotolerantes, com riscos de proliferação de doenças. Já para DBO e OD, a situação é melhor, com os trechos de “não atendimento” se restringindo às cabeceiras de córregos onde a capacidade de diluição é reduzida. Em C-03, no qual o Marco Legal do Saneamento foi aplicado, a situação se ameniza, mas ainda não é o suficiente para atender ao enquadramento e, consequentemente, aos usos preponderantes previstos. As variáveis Fósforo e Coliformes Termotolerantes permaneceram com valores fora dos limites de enquadramento na maior parte da bacia, enquanto que o mesmo foi observado para DBO e OD nas cabeceiras. Em C-04, foram definidas as eficiências de tratamento necessárias para que o enquadramento proposto fosse alcançado. O tratamento terciário, com desinfecção e remoção de fósforo se mostrou necessário na maior parte da bacia. Já para DBO e OD, a preocupação permaneceria apenas para os trechos onde a razão de diluição do efluente é baixa. De maneira geral, a metodologia proposta se mostrou uma ferramenta adequada e aplicável no gerenciamento dos recursos hídricos, auxiliando na priorização e alocação de recursos. As obrigações previstas na legislação ambiental se mostraram insuficientes para atender o enquadramento nas cabeceiras dos cursos d’água e muitas vezes exageradas nos trechos baixos, onde a razão de diluição é elevada. Por conseguinte, a definição de metas de enquadramento temporárias ou a revisão de algumas implementadas pode ser necessária, bem como elevar os índices de coleta e tratamento de esgotos na bacia.