MODULATION OF CHEMICAL PLANT DEFENSES AGAINST TWO ARTHROPOD HERBIVORES SHAPES SUBSEQUENT ECOLOGICAL INTERACTIONS
Coffea arabica. Defesas induzidas pela herbivoria. Interação plantaherbívoro. Leucoptera coffeella. Metabolômica. Oligonychus ilicis. Supressão de defesas por herbívoros.
As plantas sob herbivoria têm suas defesas induzidas ativadas, que atuam diretamente sobre o desenvolvimento e sobrevivência do herbívoro através da produção de compostos tóxicos ou antinutritivos. As plantas realocam energia para a síntese dessas defesas, o que pode acarretar mudanças no seu metabolismo primário. No entanto, herbívoros de diferentes guildas alimentares desenvolveram estratégias a fim de superar essas defesas dos hospedeiros, que podem ou não facilitar ataques de herbívoros subsequentes. Nesse contexto, a presente tese buscou investigar o efeito da herbivoria do ácaro-vermelho-do-cafeeiro Oligonychus ilicis e da larva minadora de Leucoptera coffeella nas defesas induzidas de Coffea arabica e suas consequências ecológicas para coespecíficos e heteroespecíficos. Foram realizados ensaios comportamentais com os herbívoros em laboratório, análises targeted e untargerted do metabolismo primário e secundário das plantas de café bem como análises do seu perfil fitohormonal. No primeiro capítulo, foi mostrado que as plantas infestadas pelo ácaro além de serem mais atrativas promoveram uma maior taxa de oviposição de O. ilicis que plantas não infestadas. Além disso, os alcaloides cafeína, teofilina e trigonelina parecem não exercer função de defesa nas plantas de C. arabica contra O. ilicis, porém, o composto fenólico ácido clorogênico, é um forte candidato a cumprir esse papel. Embora não seja possível afirmar que O. ilicis suprime as defesas das plantas de café, sua alimentação acarretou um aumento nas concentrações de ácido salicílico (AS) e de ácido 12- oxo-fitodienóico (OPDA), mas não do ácido jasmônico (AJ) e ácido jasmônico-isoleucina (AJ-Ile). Sugerimos que a conversão de OPDA em AJ e AJ-Ile não é bem-sucedida nas plantas infestadas por O. ilicis, o que pode estar relacionado à maior suscetibilidade dessas plantas. No segundo capítulo, mostramos que, a infestação pela larva minadora de L. coffeella tornou a planta de café melhor hospedeira para a infestação subsequente de coespecíficos, mas não de heteroespecíficos. Em contrapartida, L. coffeella depositou mais ovos nas plantas infestadas pelo ácaro, as quais afetaram negativamente o desempenho da larva minadora que consumiu menos tecido foliar e apresentou a fase pupal mais prolongada, em relação às plantas não infestadas. Os resultados das análises químicas mostraram que os herbívoros induziram respostas distintas no perfil metabólico das plantas quando alimentaram separadamente (infestações simples) e simultaneamente (infestação múltipla). Ademais, enquanto a infestação simples por cada herbívoro promoveu um aumento nas concentrações de features (compostos não identificados) significativos, a infestação múltipla desencadeou resultado oposto, a supressão de suas concentrações nas plantas. Esses resultados parecem refletir a diferente regulação fitohormonal das defesas das plantas pelos herbívoros. As plantas infestadas pela larva minadora apresentaram acúmulo de AS e ácido abcísico (ABA), mas não AJ. Já as plantas infestadas pelo ácaro apresentaram acúmulo de AS e de OPDA. Nossos resultados sugerem que a larva minadora de L. coffeella e O. ilicis suprimem defesas da planta de café que favorecem o estabelecimento de coespecíficos, mas não de heteroespecíficos. Apesar de ambos os herbívoros reduzirem as defesas moduladas pelo AJ, o mecanismo pelo qual essa supressão ocorre parece ser distinto entre os dois e ainda não foi reportado na literatura