"EFEITOS ECOLÓGICOS DAS ESTRADAS NA CONSERVAÇÃO DE ESPÉCIES NA AMÉRICA LATINA: ESTADO DO CONHECIMENTO, DESAFIOS E OPORTUNIDADES"
Tamanduá-bandeira. Fragmentação. Atropelamento. Persistência populacional. América Latina. Efeito das estradas. Revisão de literatura.
Estradas podem causar efeitos ecológicos adversos para muitas espécies de animais em todo o mundo, principalmente pela fragmentação de habitats e pela mortalidade por atropelamento. Muito do que se sabe sobre tais efeitos provêm de regiões temperadas, em países do hemisfério norte, com realidades socioambientais particulares. Ao longo desta tese, pretende-se acessar, qualificar e quantificar os efeitos ecológicos das estradas em comunidades animais na América Latina por meio de abordagens distintas. No primeiro artigo, analiso os efeitos da fragmentação do habitat e da mortalidade por atropelamento sobre populações do tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla) no Brasil. Foi aplicado um modelo populacional espacialmente-explícito que nos permitiu estimar o tamanho mínimo de habitat necessário e a densidade máxima de estradas toleradas a viabilidade populacional da espécie. Os resultados mostraram que entre 32 e 36% do total da área de distribuição do tamanduá-bandeira são inadequadas à sua persistência. No segundo artigo, efetuei uma revisão sistemática de literatura no intuito de acessar o atual estado de conhecimento sobre efeitos ecológicos das estradas em comunidades animais na América Latina, identificar as lacunas de conhecimento, e, ao mesmo tempo propor uma agenda para futuras pesquisas. Após a revisão de aproximadamente 200 artigos, identificamos uma tendência no aumento das publicações na última década concentrada maioriotariamente na América do Sul, com estudos ao nível de indivíduos (atropelamentos), focados principalmente em mamíferos. Poucos estudos buscaram entender os efeitos ao nível da dinâmica da população e da sua estrutura genética, assim como avaliar ou propor medidas de mitigação de impactos. Recomendamos duas abordagens para pesquisas: uma primeira, focada em quantificar como as espécies (indivíduos) interagem frente as estradas bem como as suas implicações ao nível populacional, e uma segunda que avaliem em escalas regionais e nacionais, a vulnerabilidade das espécies frente as estradas.