EXPLORANDO A RESPOSTA DAS COMUNIDADES DE FORMIGAS ÀS MUDANÇAS DA COBERTURA FLORESTAL
Formigas, pitfall, perda de habitat, fragmentação, paisagem
A perda de habitat é uma das principais causas do declínio da biodiversidade global, afetando a conectividade e composição da paisagem, especialmente em ambientes tropicais. Isso resulta em mudanças na cobertura florestal e outros usos da terra, aumentando a heterogeneidade ambiental. A fragmentação do habitat leva à formação de múltiplos fragmentos menores e isolados, afetando as espécies daquela paisagem. Tais mudanças também influenciam a qualidade do habitat, interações entre espécies e o funcionamento do ecossistema. Para tentar melhor entender as consequências dessas mudanças ambientais devemos nos focar em objetos de estudo adequadas para estudar o caso e uma coleta de dados adequada. A amostragem de dados em estudos científicos deve minimizar custos e tempo de coleta, sem comprometer o rigor científico. As formigas, podem ser considerados boas bioindicadoras pois, além de terem amostragem relativamente simples, desempenham papéis cruciais nos ecossistemas tropicais e são sensíveis às perturbações do habitat. Além de participarem de processos como a dispersão de sementes, polinização e engenharia de ecossistemas, elas são indicadoras importantes de mudanças ambientais. Nesse trabalho, busquei i) avaliar a diferença da efetividade de armadilhas utilizadas para captura de formigas instaladas na presença e na ausência de armadilhas iscadas para besouros. Testando a predição de que a presença das armadilhas de besouros não afetará a riqueza e a composição de espécies de formigas capturadas em pitfalls sem isca. Após análises estatísticas, não foi encontrado diferença significativa na riqueza de espécies de formigas entre áreas com e sem armadilhas iscadas para besouros, tanto para formigas arborícolas quanto epigeicas. Também não houve variação na composição de espécies entre áreas com e sem iscas. Portanto, as armadilhas para besouros não influenciam na composição ou na riqueza de espécies de formigas. Assim, realizar ambas as metodologias de coleta, tanto para besouros quanto para formigas, simultaneamente, podem reduzir o tempo de campo e agilizar a coleta de ambos os grupos. Além disso, ii) investigar como a perda de cobertura florestal na paisagem afeta as comunidades de formigas. Para isso, testei as seguintes predições: 1) Fragmentos florestais inseridos em paisagens com maior porcentagem de cobertura florestal, associados à afinidade de habitat das formigas (especializadas em áreas abertas, áreas florestais ou generalistas), terão maior riqueza de espécies de formigas; 2) Fragmentos florestais inseridos em paisagens com maior cobertura florestal terão a composição de espécies mais dissimilar entre si do que paisagens com menores coberturas florestais; 3) Há um limiar de perda de cobertura florestal na paisagem que gera um declínio acentuado da riqueza de espécies de formigas nos fragmentos florestais. Houve uma relação negativa significativa entre a cobertura florestal na paisagem e a riqueza de formigas especialistas em habitats abertos e florestais, enquanto as formigas com hábitos generalistas não foram afetadas pela mudança na cobertura florestal. Não houve diferenças claras na composição de espécies entre os fragmentos florestais, independentemente da cobertura florestal da paisagem. Além disso, identificamos um ponto de inflexão em torno de 30,02% ± 2,677% de cobertura florestal, indicando uma mudança na tendência da relação entre a riqueza de espécies e a cobertura florestal. Portanto, formigas respondem negativamente à perda de cobertura florestal, sendo influenciadas pela interação entre a afinidade de habitat e a porcentagem de cobertura florestal da paisagem.