Da integração de ômicas à edição gênica, estratégias de prospecção e validação de genes de tolerância à salinidade.
Estresse abiótico; Gliricídia; Beldroega; Heat shock proteins; Aquaporinas; Resistência; Transcritômica.
A salinidade é um problema crescente e multifacetado, caracterizado pela presença de sais
solúveis no solo. Influenciada por fatores geográficos, afeta questões sociais e econômicas em
todo o mundo. A salinidade é um desafio significativo para a agricultura, pois reduz a
produtividade das culturas e limita a disponibilidade de terras aráveis. Diante desse cenário, a
análise de plantas que conseguem resistir a essas condições desfavoráveis e dos processos
empregados para tolerância ao sal nelas é crucial para criar estratégias eficazes de combate a
esse desafio. Um “Programa de Desenvolvimento, Pesquisa e Inovação” (PD&I) denominado
“Sal da Terra” foi criado na Embrapa Agroenergia, este programa tem como foco principal o
desenvolvimento de genótipos superiores resistentes ao estresse salino. Um banco de dados,
contendo dados ômicos de gliricídia (potencial halófita), beldroega (halófita) e dendê, foi
criado através do PD&I Sal da Terra. As plantas halófitas são espécies vegetais adaptadas a
ambientes com alta concentração de sais, sendo capazes de tolerar e até mesmo se beneficiar
dessas condições. Essas plantas desenvolveram mecanismos fisiológicos, bioquímicos e
moleculares específicos de tolerância ao sal. No nível molecular, os genes responsivos à
salinidade estão em três categorias principais: i) os envolvidos na sinalização; ii) os
envolvidos na proteção de proteínas (“heat shock proteins” - HSPs) e; iii) os envolvidos no
transporte de água. As HSPs são proteínas que atuam como chaperonas moleculares,
auxiliando no dobramento e estabilização de outras proteínas. Elas são essenciais para a
sobrevivência das plantas em ambientes adversos, pois ajudam a proteger as células contra
danos causados pelo estresse. Os genes envolvidos no transporte de água incluem as
“dehydrins” (DHNs) e as aquaporinas (AQPs). DHNs são proteínas hidrofílicas que protegem
a célula contra a perda excessiva de água através da ligação com moléculas de água. Já as
AQPs, são proteínas de membrana que facilitam o transporte de água e pequenas moléculas
através das membranas celulares. Ambas, desempenham um papel importante na regulação do
equilíbrio hídrico das plantas e na manutenção da homeostase celular em condições de
estresse. Com o objetivo de melhor compreender as estratégias de resposta ao estresse salino
de gliricídia e beldroega, o presente trabalho, inserido no PD&I Sal da Terra, possui duas
frentes principais: i) a caracterização de mecanismos de resposta ao sal (HSPs, DHNs e
AQPs) presente em gliricídia e beldroega e; ii) a superexpressão de dois genes de gliricídia
(Embrapa_GS_Gene_01 e Embrapa_GS_Gene_04), altamente responsivos ao estresse salino,
em Arabidopsis e Brassica napus.