Resposta morfofisiológica de Setaria viridis (A.10.1) ao estresse de frio, e prospecção e caracterização de genes responsivos ao frio, diferencialmente expressos em Elaeis guineensis.
Setária, temperatura baixa, fenômica, expressão diferencial, dendê
O dendê é uma oleaginosa importante que vem ganhando espaço na fabricação de biodiesel, e advém como planta estratégica na diversificação da matéria prima. Neste sentido, a expansão do cultivo para além da Amazônia Legal consolida sua participação na cadeia produtiva desse biocombustível. Para tanto é necessário desenvolver genótipos tolerantes ao frio. Este estudo teve dois objetivos principais, que foram: a) caracterizar a resposta de dois acessos de Setaria viridis (A.10 e AST) ao estresse de frio, mediante emprego de técnicas de fenômica, buscando subsidiar estudos relativos à utilização dessa espécie como planta modelo para validação de genes de tolerância a frio; e b) a identificação e anotação preliminar de genes de Elaeis guineensis cuja expressão altera significativamente quando esta espécie vegetal é submetida a estresse de frio. Plantas dos acessos A10.1 e AST, em fases vegetativas e reprodutiva de desenvolvimento, foram submetidas ao estresse de frio, tanto de forma gradual (redução da temperatura em 5°C a cada 24h com temperatura inicial de 25°C) quanto abrupta (redução instantânea de 25°C para 0°C), e mantidas a 0°C por períodos de 3, 5 e 10 dias. Para a avalição do estresse de frio foi utilizada o analisador de trocas gasosas IRGA, e fluorímetro portátil pra avaliação da fluorescência da clorofila Mini-PAM – WALTZ. Tanto no regime gradual, quanto no abrupto a fotossíntese atingiu o valor de zero na temperatura de 0°C. Aos 52 dias após de inoculação em meio de cultivo as plantas tiveram seu peso fresco e seco obtidos. Foi observado que quanto maior a intensidade do estresse mais difícil é a recuperação. Além disso o dano causado pelo tratamento abrupto demonstrou ser mais severo para a planta quando comparado ao tratamento gradual. Para recuperação em biomassa foi observado que o estresse aplicado na fase vegetativa apresenta melhor recuperação. Os resultados obtidos mostram que a Setaria viridis pode ser considerada uma planta tolerante ao frio; portanto, esta não é uma planta modelo ideal para a validação de genes candidatos para tolerância a frio. A web-based plataforma pública de bioinformática Galaxy foi utilizada para análise que qualidade e de expressão diferencial de dados de RNA-Seq de dendê submetidos a estresse de frio. Um total de 190 transcritos, cuja diferença entre o controle e o estressado é estatisticamente significante (p-Value > 0.01) e apresenta uma diferença igual ou maior que oito vezes, foram identificados; sendo 92 com expressão aumentada quando a planta é submetida ao frio, e 98 com expressão reduzida. As sequências destes transcritos foram alinhadas (BLASTp) contra o genoma de E. guineensis (EG5) disponível no NCBI, e os genes identificados foram categorizados quanto a posição no genoma.