EFEITO DO ÂNGULO DAS MICROFIBRILAS DE CELULOSE NAS PROPRIEDADES DE RESISTÊNCIA E RIGIDEZ DA MADEIRA DE REAÇÃO DE Corymbia torelliana
lenho de tração, ultraestrutura da parede celular, nanomecânica da parede celular.
Resumo: A madeira de reação é formada em ramos e troncos de árvores inclinadas, cujas propriedades físicas, mecânicas, químicas e anatômicas são diferentes daquelas formadas em troncos de árvores eretas. Nas folhosas é denominada de lenho de tração e em coníferas de lenho de compressão. Na madeira de reação, características como o ângulo microfibrilar (AMF) da parede das fibras são alteradas, impactando as propriedades mecânicas da madeira. Este trabalho teve como objetivo estudar o efeito do ângulo das microfibrilas tanto no comportamento mecânico da madeira como na nanomecânica da parede celular de fibras do lenho normal (LN), lenho oposto (LO) e lenho de tração (LT). Para isso, foram amostrados os primeiros três metros do tronco de quatro árvores inclinadas e quatro eretas de Corymbia torelliana. De cada tronco foram retirados um disco da base e outro do topo, apenas para identificar a excentricidade da medula. Os troncos foram processados na serraria e produzidas pranchas centrais de dez centímetros de espessura. As pranchas foram seccionadas em peças de um metro e logo foram feitos cortes tangenciais para produzir ripas de três centímetros de espessura, considerando a madeira de reação, as peças foram cuidadosamente separadas do lenho de tração e oposto. As ripas foram pre-secadas ao ar livre e logo foram acondicionadas em câmara climática até alcançarem umidade em equilíbrio até 12%. A amostragem para as análises foi distribuída de forma que sejam produzidas de cada ripa amostras para determinação das propriedades físicas, ângulo microfibrilar, biometria das fibras, análises de microscopia e para ensaio de flexão estática e de compressão paralela às fibras. Também foi realizada a medição do módulo de elasticidade por meio da técnica de Excitação por Impulso. O módulo de elasticidade da parede celular foi medido com a microscopia de força atômica. Os troncos das árvores eretas e inclinadas apresentaram medula excêntricas. Árvores inclinadas apresentaram elevadas tensões de crescimento no lado tracionado do tronco, sugerindo a ocorrência de lenho de tração. A largura e o comprimento das fibras foram semelhantes entre LT e LO. As fibras do LT apresentaram parede celular mais espessa e de menor diâmetro do lume. Quanto aos ângulos microfibrilares sempre foram baixos nas fibras do LT. Mecanicamente LT foi mais resistente e rígido do que o LO em flexão estática e em compressão paralela às fibras. Nas propriedades físicas não foi revelado diferenças significativas nos lenhos analisados.