DESEMPENHO DE PAINÉIS MDP PRODUZIDOS COM DIFERENTES TEORES DE ADESIVO CARDANOL-FORMALDEÍDO ASSOCIADO À ADIÇÃO DE NANOPARTÍCULAS DE LIGNINA
adesivos naturais, cardanol, lignina, nanotecnologia, líquido da castanha do caju, painéis de madeira
O cardanol, composto fenólico derivado do processamento da castanha de caju, tem demonstrado potencial para sintetizar adesivos cardanol-formaldeído com baixa emissão de formaldeído. Esses adesivos não só utilizam o cardanol como recurso renovável, contribuindo para o aproveitamento de resíduos e para a sustentabilidade ambiental, mas também apresentam propriedades promissoras para a produção de painéis de madeira. Contudo, ainda existe a necessidade de melhorar o desempenho tecnológico de adesivos cardanol‑formaldeído. A incorporação de nanopartículas de lignina se mostra como um método promissor de modificação de adesivos fenólicos, estando relacionada a melhorias em propriedades mecânicas e térmicas, bem como, na redução das emissões de formaldeído livre de painéis de madeira. Deste modo, objetivou-se avaliar a qualidade de painéis MDP produzidos com partículas de Pinus oocarpa submetidas a três teores de adesivo cardanol‑formaldeído (6, 9, e 12%) associado a três adições de nanopartículas de lignina (0, 1 e 2%). Os painéis foram produzidos com densidade nominal de 0,75 g/cm3. Foram consideradas três repetições para cada tratamento. As propriedades do adesivo avaliadas foram viscosidade, pH, gel time e teor de sólidos. Além disso, serão realizadas análises de FTIR, DSC, TG dos adesivos cardanol-formaldeído, da lignina kraft e das nanopartículas de lignina. Os painéis foram avaliados quanto às suas propriedades físicas (densidade aparente, razão de compactação, umidade, inchamento de espessura após 2 e 24h de imersão em água, absorção de água após 2 e 24h de imersão em água e taxa de não retorno de espessura), mecânicas (resistência à flexão estática e ligação interna) e químicas (emissão de formaldeído livre). Para a análise estatística, foi considerado um Delineamento Inteiramente Casualizado (DIC) em esquema fatorial duplo, apresentando como primeiro fator, as concentrações de cardanol‑formaldeído e como segundo fator, as adições de nanopartículas de lignina. Os valores obtidos foram submetidos à análise de variância (ANOVA a 5%) e quando apresentarem diferenças significativas entre si, foi aplicado o teste de médias de Tukey (5%). Não foi observada interação entre os fatores para nenhuma propriedade obtida até então. De forma geral, os melhores valores para propriedades físicas, modulo de elasticidade (MOE), modulo de ruptura (MOR) e ligação interna (LI), foram observados para a concentração de 12%, os piores para a concentração de 6% e a concentração de 9% apresentou valores intermediários. A adição de 1 e 2% de nanopartículas de lignina foi responsável por aumentar o pH e o gel time do adesivo, enquanto diminuiu a sua viscosidade e o seu teor de sólidos. Além disso, os teores de adição de 1% e 2% de nanopartículas de lignina estão relacionados a uma maior absorção de água pelos painéis, porém, não afetaram o inchamento em espessura, indicando possíveis melhorias na estabilidade dimensional dos painéis. Além disso, com o aumento do teor de nanopartículas no adesivo, os painéis apresentaram menor MOE e LI, embora estas não tenham afetado o MOR.