EFEITOS DA INCORPORAÇÃO DE MATERIAL DE MUDANÇA DE FASE EM RESÍDUOS DE MADEIRA PARA ESTOCAGEM DE ENERGIA TÉRMICA
Eficiência energética, condutividade termica, mateiais de construção, impregnação
Diante dos significativos impactos ambientais gerados pelo setor da construção civil, a crescente demanda por soluções sustentáveis e energeticamente eficientes tem impulsionado a pesquisa por materiais inovadores. Entre as alternativas, destacam-se os materiais de mudança de fase (Phase Change Material – PCM) incorporados em matrizes lignocelulósicas, como tecnologia promissora para controle térmico em construções. Os PCMs atuam como meios de armazenamento de calor latente, com capacidade de liberar e absorver grande quantidade de energia durante as transições de fase. A madeira, um material renovável com elevada capacidade de fixação de CO₂, possui estrutura porosa favorável para receber o PCM. A impregnação de PCM na madeira permite o incremento de sua inércia térmica, capacidade de armazenar calor e resistir a mudanças de temperatura, promovendo maior estabilidade térmica, conforto ambiental e possibilidade de redução da dependência de sistemas artificiais de climatização. O objetivo desta pesquisa é analisar o comportamento de propriedades químicas, físicas, mecânicas e anatômicas de espécies de madeira com densidades, porosidades e condutividades térmicas distintas após a incorporação de PCM. Para isso, foram selecionadas duas espécies amazônicas: Parkia spp. e Manilkara spp., popularmente conhecidas como Faveira e Maçaranduba, provenientes de resíduos do manejo florestal sustentável, cuja escolha reforça a valorização de subprodutos e minimiza desperdícios na cadeia produtiva. O PCM utilizado foi o RUBITHERM RT 24, um material orgânico com temperatura de transição de fase a 24℃, impregnado na madeira com auxílio de bomba a vácuo. Foram realizados ensaios para caracterização físico-química, mecânica e anatômica das amostras. Os resultados apontaram que a espécie de menor densidade, Parkia spp., apresentou excelente desempenho como matriz para incorporação de PCM, permitindo a absorção de quantidades adequadas para conferir o efeito de armazenamento de energia térmica, retardando a variação de temperatura durante a transição de fase. A interação entre madeira e PCM possibilitou o desenvolvimento de compósitos funcionais com alta eficiência térmica e responsabilidade ambiental, capazes de reduzir o consumo energético em edificações e valorizar resíduos florestais.