Ação de uma mistura organica no desenvolvimento de mudas de cafeeiro
Plantas medicinais, esterco bovino, composto bovino
As espécies vegetais possuem em sua composição substâncias ativas utilizadas para diferentes fins, sendo uma alternativa no manejo e proteção de plantas cultivadas. O objetivo deste trabalho foi avaliar a ação de uma mistura orgânica elaborada por um camponês agroecológico sobre o desenvolvimento de mudas de cafeeiro. Para isso, foi instalado um experimento em blocos casualizados em casa de vegetação com mudas de café cultivadas em vasos. Foram testados 17 tratamentos: o extrato individual de cada uma das 13 espécies vegetais que compõe a mistura orgânica, uma combinação dos extratos individuais das espécies vegetais que compõe a mistura orgânica, a mistura orgânica original, a mistura orgânica somente com ingredientes vegetais e um controle (água destilada), com 4 repetições. As orientações do camponês relacionadas a via, modo e frequência de aplicação, além da dosagem e concentração, foram consideradas para a execução do experimento. Sendo assim, foram realizadas quatro aplicações com 190 ml de água destilada + 10 ml do tratamento (5%) via foliar com pulverizador manual. As aplicações foram realizadas com intervalo de 1 mês entre si. As seguintes características foram avaliadas: crescimento em altura e espessura, incremento no número de folhas, número de ramos plagiotrópicos, peso seco das folhas, peso seco do caule, índice de clorofila Falker a, b e total, condutância estomática foliar e número de minas de bicho-mineiro (Leucoptera coffeella). Os dados obtidos foram analisados quanto à normalidade de distribuição, pelo teste Shapiro-Wilk e quanto à homogeneidade das variâncias, pelo teste oneillmathews. Posteriormente procedeu-se a análise de variância, sendo as médias comparadas pelo teste Scott-Knott. As análises foram realizadas através do software R a 5% de significância. As plantas cresceram em média 24,13cm em altura e 5,91cm em espessura, apesar de não ter sido observada diferença estatística para essas características. Três grupos de médias diferentes foram formados para a variável incremento do número de folhas, sendo que a espécie L. japonicus promoveu o maior enfolhamento. L. japonicus também se destacou em relação ao número de ramos plagiotrópicos e peso seco do caule, assim como, N. tabacum, e B. crispa, com valores estatisticamente maiores que o controle em ambas variáveis. Não verificou-se diferença significativa entre as médias de peso seco das folhas e condutância estomática. Considerando que o teor de clorofila na folha correlaciona-se positivamente com o teor de N na planta e que a mistura orgânica possui 2 ingredientes com um alto teor de N (urina de vaca e esterco de galinha), esperava-se que o teor de clorofila fosse maior com a aplicação desse tratamento. No entanto, essa suposição foi refutada, pois o teor de clorofila da mistura orgânica original, não diferiu-se estatisticamente do controle. As espécies R. officinalis, L. japonicus, R. communis, A. fastigiatum, S. cernua, D. stramonium, M. chamaedrys e B. crispa destacaram-se com menor números de minas de bicho-mineiro em relação ao controle. De maneira geral, o uso dos extratos das espécies vegetais isoladas favoreceu mais o desenvolvimento do cafeeiro do que a mistura orgânica objeto do estudo.