Estudos em Calophyllaceae J.Agardh em campos rupestres: taxonomia, aromas florais e sistemas de polinização
Serra do Espinhaço, ecologia, reprodução
Estudos clássicos envolvendo a biologia da polinização das espécies fizeram contribuições significativas sobre amplas questões ecológicas e evolutivas. Dessa forma, foi possível observar que os polinizadores tendem a ser seletivos quanto a espécies florais, grupos de polinizadores podem apresentar preferências semelhantes, dando origem a hipótese denominada como síndromes de polinização. No entanto, diversos estudos apontam a ocorrência de síndromes mistas de polinização, como a ambofilia, o que questiona as associações estritamente especializadas. Neste contexto evolutivo, muitas espécies possuem estratégias evolutivamente estáveis, que são resultado da seleção natural e são importantes para a sobrevivência dos indivíduos. Mais de 20.000 espécies de diferentes famílias desenvolveram flores com anteras poricidas que mantêm os grãos de pólen presos em seu interior e são liberados através das pequenas aberturas por vibrações produzidas nas flores, pelas abelhas, que pode ser chamada de “buzz pollination”. Apesar do fenômeno buzz pollination ser tipicamente relacionado a flores com anteras poricidas, estudos mostraram que alguns dos principais visitantes florais de espécies de Kielmeyera (Callophylaceae) são abelhas que coletam pólen através de vibração corpora. Porém, suas anteras possuem deiscência rimosa, o que deveria fazer com que o pólen seja facilmente liberado para o exterior, tornando-o facilmente disponível para os polinizadores. Para a realização do experimento, tendo em vista a tamanha importância que a taxonomia possui, faz-se necessário o tratamento taxonômico da família Calophyllaceae que inclui 14 gêneros e ca. 460 espécies, no local de estudo. No Brasil, a família é representada por 96 espécies, sendo 64 endêmicas do país, distribuídas em sete gêneros, incluindo o gênero Kielmeyera. Muitas espécies da família Calophyllaceae são ocorrentes nos Biomas Mata Atlântica e Cerrado, e muito abundantes em formações de campos rupestres, tais quais encontrados na Serra de São José, local de estudo selecionado para esta pesquisa. A Serra de São José encontra-se entre os municípios de Tiradentes, São João del-Rei, Santa Cruz de Minas, Prados e Coronel Xavier Chaves no estado de Minas Gerais ao sul da Serra do Espinhaço Na região podem ser encontrados dois gêneros da família Calophyllaceae: Calophyllum, representado pela espécie Calophyllum brasiliense Cambess.; e Kielmeyera com as espécies Kielmeyera coriacea Mart. & Zucc., Kielmeyera pumila Pohl e Kielmeyera sp., um táxon ainda não identificado.