CORPOS GERMINANDO TERRITÓRIOS: práticas de resistência por mulheres do campo para sustentação da vida e permanência na terra pela Agroecologia
Nesta dissertação analisamos o protagonismo das mulheres do campo, assentadas nos municípios de Sidrolândia e Terenos (MS), que atuam na linha de frente da agroecologia, da resistência territorial e da construção de alternativas econômicas para permanecer morando no campo e defendendo seus modos de vida. A pesquisa parte de uma abordagem qualitativa, fundamentada na pesquisa narrativa e em perspectivas da epistemologia do sul, com foco na análise das trajetórias de vida, práticas agroecológicas e formas de organização comunitária protagonizadas por essas mulheres. Para isso, foram realizadas entrevistas narrativas com quatro mulheres, que moram e produzem no campo, complementadas por observação participante e registros sistemáticos em caderno de campo. A análise foi orientada pela hermenêutica de profundidade, buscando compreender os sentidos atribuídos pelas participantes à resistência cotidiana no campo e nos espaços externos que buscam para escoar sua produção, como feiras locais e urbanas, enfatizando a articulação coletiva pautada na agroecologia, soberania alimentar e permanência na terra. O conceito de corpos-territórios é central neste estudo, compreendido como espaço político de saberes, afetos e lutas, onde o corpo dessas mulheres e o território se entrelaçam na construção de modos de vida sustentáveis. Na pesquisa dialogamos criticamente com a dicotomia entre o campo como empresa e o campo como modo de vida, problematizando os impactos da agricultura intensiva sobre a segurança alimentar, os recursos hídricos e a biodiversidade, bem como na vida e cultura popular. Nesse contexto, investigamos o acesso e a efetividade das políticas de incentivos rurais junto às comunidades dessas mulheres assentadas, evidenciando a urgência da superação das desigualdades de gênero nos sistemas agroalimentares. Esperamos que os resultados contribuam para o fortalecimento de políticas públicas e ações coletivas comprometidas com a justiça de gênero, a agroecologia e a valorização dos saberes camponeses e o próprio processo de produção e socialização de conhecimentos. Os vídeos coletados durante as entrevistas foram base para produção de um vídeo-documentário, cuja publicação foi feita no Youtube para popularizar o acesso e contribuir com a luta e a divulgação de suas experiências.