VALORIZAÇÃO DAS CASCAS DE ESPÉCIES ARBÓREAS DA AMAZÔNIA COMO FONTE DE TANINOS E SEU USO COMO ANTIOXIDANTES NATURAIS
Anatomia da casca, Caracterização química, Histoquímica, Polifenóis, Bioeconomia.
A utilização de produtos químicos a partir de biomassas florestais não madeireiras é uma maneira de valorizar e conservar as espécies florestais. Desta forma, o objetivo geral do estudo foi realizar uma ampla caracterização anatômica e química das cascas de cinco espécies florestais da Amazônia, e avaliar o potencial dos taninos para uso como antioxidantes naturais. As cascas das espécies Byrsonima spicata, Croton matourensis, Myrcia splendens, Tapirira guianensis e Vismia guianensis foram coletadas em florestas secundárias localizadas no Estado do Pará, Brasil. O estudo anatômico foi realizado a partir da descrição dos cortes histológicos e da análise da biometria dos elementos celulares dissociados por maceração. As cascas foram caracterizadas quanto à histoquímica, teores de extrativos, suberina, lignina, polissacarídeos e minerais. Dos extratos hidroalcóolicos foram quantificados os fenóis totais, flavonoides e taninos condensados. Os taninos extraídos das cascas de cada espécie tiveram a sua atividade antioxidante determinada, e comparada em relação ao do tanino comercial e antioxidante sintético hidroxitolueno butilado (BHT). A partir do estudo anatômico verificou-se que a estrutura geral das cascas é composta por floema não condutor, floema condutor e ritidoma. Os principais resultados químicos demonstraram que as cascas possuem teores médios de extrativos solúveis em etanol e água de (29 a 46,1%), lignina (19 a 33,4%), polissacarídeos (25,4 a 36,2%) e minerais de cálcio (2,9 a 20,6 g kg-1 de casca). Uma rica composição em taninos foi observado nas espécies B. spicata (19,1%) e M. splendens (29,9%). Os extratos tânicos apresentaram alta atividade antioxidante contra o radical livre 2,2 - difenil -1-picril-hidrazila hidratado (DPPH). As maiores atividades antioxidantes foram dos taninos de B. spicata (95,4%), T. guianensis (95,2%) e M. splendens (92,1%), superior ao do tanino comercial (72,6%) e antioxidante sintético hidroxitolueno butilado (BHT, 87,9%). Assim, através da caracterização das cascas foi possível conhecer o valor químico das espécies Byrsonima spicata, Croton matourensis, Myrcia splendens, Tapirira guianensis e Vismia guianensis, do bioma Amazônia, e o potencial dos seus taninos para uso como antioxidante natural, o que pode a longo prazo por meio do manejo sustentável das cascas gerar renda local.