Avaliação da influência nas propriedades do compósito cimentício reforçado com diferentes tipos de fibras
Matriz cimentícia, propriedades, tratamento.
O desenvolvimento de compósitos cimentício reforçados com fibras vegetais tem recebido destaque como uma tecnologia alternativa para a produção de novos materiais que proporcionem um menor impacto ambiental, associado a uma baixa densidade, biodegradabilidade e propriedades mecânicas. A adição de fibras vegetais como bananeira (FB), eucalipto (FE) e sisal (FS) à argamassa é uma alternativa atraente na intenção de aproveitar os resíduos agrícolas, além de encontrar soluções de materiais mais sustentáveis e economicamente viáveis. Elas apresentam, devido à sua composição química, maior rigidez e resistência mecânica comparada a outras fibras vegetais. Porém, as fibras vegetais possuem uma baixa interação com a matriz cimentícia, em virtude de seu caráter hidrofílico, sendo necessário a realização de tratamento superficial. Dessa forma, objetivou-se neste trabalho verificar a influência do tratamento químico de fibras vegetais nas propriedades de interface com a matriz cimentícia incluindo testes de densidade básica, absorção de água, porosidade e resistência à compressão axial. A mistura de argamassa foi produzida com cimento, calcário agrícola, aditivo ADVA, água e adicionados 3% de fibras na mistura. A condição ideal para realizar o tratamento superficial foi estudada com base em pesquisas anteriores, em que o meio alcalino utilizado foi o hidróxido de sódio (NaOH) 5% (v/m), aquecido e agitado por 2 h. Além disso, foi realizada microscopia eletrônica de varredura (MEV) para estudar a morfologia da superfície das fibras vegetais e os compósitos cimentício. A difração de raio-X (DRX) foi realizada para identificar os compósitos cristalinos e análise térmica (TG) para verificar a perda de massa em relação a temperatura nos compósitos com o reforço de fibra in natura e tratadas. Os resultados mostraram que o tratamento alcalino modificou quimicamente a morfologia superficial das fibras, além extrair impurezas, resultando no aumento da rugosidade superficial, o que confere melhor adesão entre fibra e matriz cimentícia, reação de hidratação e cura interna. Através das análises realizadas de MEV, DRX e TG nos compósitos, pode-se verificar melhor capacidade de interação das fibras tratadas com a matriz. Houve uma redução de absorção de água dos compósitos de fibra in natura 23%, para tratada 12%, respectivamente, esse resultado confirma que o tratamento foi eficiente para melhorar aderência das fibras/matriz. As propriedades de porosidade dos compósitos apresentaram um aumento expressivo quando comparada as amostras de argamassas com fibras não tratadas 28 – 35% e tratadas 23 – 25% e a referência 21%, respectivamente. Como resultado o compósito se torna mais impermeável, leve e a resistência a compressão dos corpos de prova pode atingir até 28 MPa. O estudo das propriedades do compósito reforçado com fibras de bananeira (CCBF), eucalipto (CCEF) e sisal (CCSF) ajudou a determinar a aplicação adequada das fibras nos materiais cimentícios em termos de vida útil e funcionalidade.