Uso de rejeito de mineração, bagaço de cana e baba de cupim sintética na produção de tijolos do tipo adobe
Adobe. Matéria-prima residual. Estabilização. Potencialidade, Aplicabilidade.
A alvenaria com adobe é revisitada na atualidade devido ao contexto socioambiental e a sustentabilidade, podendo ser usados como matérias-primas os resíduos oriundos dos processos de extração mineral, produções agrícolas e industriais. Fatores como conforto térmico, consumo mínimo de energia e economia contribuem para a crescente utilização do adobe. Entretanto, desafios como absorção de água e baixa resistência mecânica são parâmetros que merecem destaque. Dessa forma, o objetivou-se verificar a viabilidade da engenharia proposta e a caracterização dos adobes produzidos com rejeito de mineração provenientes do rompimento da barragem do Fundão, localizada no distrito de Bento Rodrigues, no município de Mariana-MG, reforçados com partículas de bagaço de cana-de-açúcar e estabilizados com baba de cupim sintética. Foram produzidos os seguintes tratamentos: tratamento referência produzido apenas com rejeito; tratamentos com rejeito e adição de partículas de bagaço de cana de açúcar (3,0; 5,0; e 7,0% em massa); tratamentos com rejeito e adição de baba de cupim sintética (0,07; 0,10; e 0,20% em massa). Os materiais e produtos finais passaram por caracterizações. Nos adobes foram avaliadas propriedades físicas; mecânicas; térmicas e microestruturais. A adição de bagaço de cana-de-açúcar e baba de cupim sintética aos tratamentos promoveram a redução da densidade dos adobes em até 0,78 g/cm³, quando comparado ao tratamento referência. Porém, os mesmos tratamentos apresentaram expansão em até 9,36 mm e contração em até 6,40 mm. Os adobes, com ambos reforços, apresentaram valores para absorção de água entre 6,44% e 2,15%, com redução na altura da absorção por capilaridade. Com relação à resistência à compressão e flexão, os tratamentos com reforços apresentaram redução em sua capacidade. Para os valores de condutividade térmica, que ficaram entre 0,2264 e 0,2456 W*m/ºC, os adobes reforçados se mostram materiais com excelente conforto térmico. Os resultados sugerem que o rejeito de mineração, oriundo do desastre ambiental ocorrido na região de Mariana-MG em 2015, mostra-se promissor na produção de tijolos adobe, além do uso de bagaço de cana-de-açúcar e baba de cupim sintética como reforços do compósito.