RELAÇÕES ENTRE AGROTÓXICOS, ALIMENTAÇÃO E SAÚDE: DISCUSSÃO SISTEMÁTICA DE EVIDÊNCIAS CIENTÍFICAS E CONTRIBUIÇÕES PRÁTICAS
técnica agronômica, toxicologia, efeito metabólico, segurança alimentar e nutricional, cultivo orgânico.
Os agrotóxicos são produtos utilizados na agricultura para eliminar agentes patogênicos nocivos às plantações e estão presentes na produção da maioria dos alimentos no Brasil e no mundo. Seu uso em massa se iniciou na década de 1950 nos Estados Unidos na chamada “Revolução Verde”, com o objetivo de modernizar a agricultura e aumentar a produtividade de alimentos. Porém, com o passar do tempo, os estudos científicos passaram a comprovar, além da contaminação dos alimentos, do solo, das águas e do ar, seus efeitos tóxicos aos seres vivos. Enquanto algumas linhas de pesquisa sugerem que as técnicas agronômicas convencionais, dependentes do uso de agrotóxicos, fertilizantes químicos e organismos geneticamente modificados são as únicas capazes de atender as demandas populacionais por alimentos, outras linhas sugerem a necessidade e urgência de se propor métodos alternativos mais seguros e sustentáveis de produção. Assim, a análise crítica pelo aprofundamento em evidências científicas válidas e independentes, e o levantamento de limitações existentes nessas discussões são fundamentais para expor o problema da forma mais precisa possível e, por consequência, possibilitar a discussão de propostas e a aplicação de ações viáveis, capazes de atender as demandas populacionais por alimentos saudáveis ao mesmo tempo que se garanta a qualidade e a segurança à saúde e ao meio ambiente. Sabendo disso, este projeto de pesquisa se propõe a reunir, de forma sistemática, evidências científicas e discussões teórico-práticas disponíveis na literatura científica com os objetivos específicos de: (i) entender os efeitos do consumo crônico de resíduos de agrotóxicos pela alimentação para verificar se os limites máximos aceitáveis como seguros e os ensaios toxicológicos propostos pelos órgãos públicos e fabricantes são coerentes com as evidências científicas, destacando possíveis limitações e incoerências nos estudos; (ii) analisar o potencial de cultivos orgânicos como alternativa agronômica para a produção de alimentos mais saudáveis, seguros e de qualidade, tendo como enfoque a composição de substâncias bioativas; (iii) estudar alternativas e estratégias de curto prazo a serem aplicadas pelos consumidores para diminuir as concentrações de resíduos de agrotóxicos em alimentos; (iv) conhecer o nível de conhecimento e o engajamento do consumidor nas discussões envolvendo produção e consumo de alimentos e uso de agrotóxicos, levando em consideração aspectos técnicos, biológicos, políticos, econômicos, sociais e culturais, pela aplicação de um questionário estruturado com a população; e (v) com base nas evidências e discussões obtidas nessas pesquisas, elaborar um material de cunho pedagógico, acessível para a população em geral e para profissionais, que sirva de apoio para a educação e formação consumidores mais críticos e autônomos quanto ao uso de agrotóxicos em alimentos, seus efeitos à saúde e alternativas para redução da exposição.