Prevalência de diabetes autorreferido no Brasil: estudo com a Pesquisa Nacional de Saúde de 2019 e avaliação de possíveis impactos das desigualdades em saúd
Diabetes mellitus; Condição crônica; Inquéritos epidemiológicos; Estudos transversais; Disparidades em assistência à saúde.
O diabetes mellitus é uma condição crônica que afeta cerca de 537 milhões de adultos no mundo, sendo que no Brasil as estimativas mais recentes somam aproximadamente 16 milhões de pessoas com a condição, tornando-se o sexto país em incidência de diabetes no mundo e o terceiro onde há mais despesas com a terapêutica, somando aproximadamente 43 bilhões de dólares em 2021. O objetivo foi estimar a prevalência de diabetes autorreferido a partir dos dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) e apontar os possíveis impactos das desigualdades em saúde para a população que convive com diabetes. Utilizou-se os dados da PNS divulgada em 2019, a partir das entrevistas com adultos (≥18 anos) de 94.114 domicílios brasileiros. Foram estimadas as prevalências e seus intervalos de confiança (IC 95%) para as variáveis: sexo, grupo de idade, cor ou raça, rendimento, força de trabalho e situação de moradia, utilizando a pergunta: “Algum médico já lhe deu o diagnóstico de diabetes?”. O diagnóstico de diabetes foi referido por 7,7% dos entrevistados. A prevalência foi maior em mulheres (8,5% vs. 6,9%), e em adultos de mais idade (65 a 74 anos). Os entrevistados que autodeclararam cor amarela apresentaram maior prevalência (12,8%), juntamente com aqueles sem nenhuma instrução (16,2%) e que estavam fora da força de trabalho (14,2%). Pessoas com rendimento mensal per capita de mais de 3 a 5 salários mínimos possuíam maior prevalência de diabetes (9,1%) e os entrevistados residentes na zona urbana tiveram prevalências maiores (8,0%), quando comparados com aqueles que viviam na zona rural. Confirma-se a importância das ações de prevenção e cuidado do diabetes, como intervenções para alimentação saudável, programas para a prática de atividade física e projetos de educação em saúde, o que contribui na redução de comportamentos não saudáveis e outros fatores de risco comuns a várias doenças. Além disso, atentar-se para as desigualdades em saúde pré-existentes ao diagnóstico de diabetes é essencial. Os resultados deste artigo são importantes para o monitoramento e vigilância de diabetes e outras condições crônicas, além de fornecerem subsídios para o planejamento de ações em saúde no Brasil.