FATORES OBSTÉTRICOS, SOCIOECONÔMICOS E DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR ASSOCIADOS À AUTOPERCEPÇÃO DA QUALIDADE DO SONO DURANTE A GESTAÇÃO
Comportamento Alimentar. Cuidado Pré-Natal. Gravidez.
A gestação é um período de ajustamento à maternidade, marcado por transições nos aspectos sociais, biológicos, comportamentais e psicossociais, que podem afetar a qualidade do sono e de vida da gestante, com potencial repercussão na saúde do bebê. Considerando a relevância da qualidade do sono durante este período para os desfechos na saúde do binômio mãe e filho, o objetivo desse estudo é investigar os fatores nutricionais, socioeconômicos e obstétricos associados à qualidade de sono de mulheres grávidas. Trata-se de um estudo transversal realizado com gestantes atendidas nos setores público ou privado de saúde do município de Lavras-MG. Foram coletados dados socioeconômicos, obstétricos, de comportamento alimentar e qualidade do sono. Para avaliar a qualidade de sono no último mês, foi utilizado o Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh (PSQI-BR). Para avaliar o comportamento alimentar foram utilizados dois questionários: Mindful Eating Questionnaire (MEQ), e o Three Eating Factor Questionnarie 21. Foram realizados testes estatísticos Qui Quadrado com teste exato de Fisher, Correlação de Spearman e Regressão Logística Ordinal. Das 160 mulheres deste estudo, 47 (29,4%) foram classificadas com Boa qualidade de sono, 84 (52,5%) com Qualidade ruim de sono e 29 (18,1%). mulheres com Distúrbio de sono. Quanto à cor de pele, 69,4% se autodeclararam como pretas e pardas. No total, 63,1% das mulheres tinham companheiro e 62,5% não planejaram a gravidez. Quase metade das participantes concluiu o Ensino Médio (47,5%) e recebia 1-2 salários-mínimos (49,4%). A mediana da idade foi de 27 anos, sem associação com a classificação da qualidade de sono. A mediana da idade gestacional foi 24,0 semanas, sendo que mulheres classificadas com distúrbio de sono estavam em semanas gestacionais mais avançadas do que aquelas classificadas com boa/ruim qualidade de sono. Grande parcela das mulheres classificadas com boa qualidade de sono tinha renda familiar >2 salários-mínimos (44,7%). A maioria das mulheres com qualidade ruim e distúrbios de sono apresentava renda familiar entre 1-2 salários (54,8% e 55,2%, respectivamente) (p<0,017). Observou-se relação entre a pontuação global do MEQ e a qualidade do sono das mulheres, após os ajustes, o comer com atenção plena se mostrou um fator de proteção frente a piores condições de sono (p=0,022). Os resultados deste estudo mostram que o comportamento alimentar, fatores socioeconômicos e obstétricos podem influenciar a qualidade do sono de mulheres grávidas e, consequentemente influenciar a qualidade de vida e saúde da gestante e do bebê. Comer com atenção plena, se atentar e seguir os sinais de saciedade, restringir alimentos ou grupos de alimentos conscientemente e comer em resposta emocional influenciam diretamente na qualidade de sono. Concomitantemente, o Comer com atenção plena foi identificado como um fator de proteção a qualidade do sono