Miconanotecnologia: aplicações em células solares de terceira geração
Miconanotecnologia; Síntese verde; Nanotecnologia verde; Pontos quânticos;Fungos produtores de pigmento; Células solares híbridas; Células solares de terceira geração.
O desenvolvimento de técnicas verdes na síntese de nanopartículas é de grande importância para potencializar a aplicação de tais nanoestruturas em diversas áreas do conhecimento. Nanopartículas de materiais semicondutores com diâmetros inferiores a 100 nm recebem o nome de pontos quânticos e apresentam propriedades ópticas e eletrônicas dependentes de seus tamanhos. Neste trabalho foi realizada a síntese verde de pontos quânticos de CdS por meio dos fungos produtores de pigmento Fusarium oxysporum e Penicillium flavigenum com o objetivo de aplicar tanto os pigmentos produzidos quanto as nanoestruturas biossintetizadas em protótipos de células solares híbridas, isto é, sensibilizadas por pigmentos e pontos quânticos. Os fungos foram cultivados em meios de cultura líquidos próprios para produção de seus pigmentos característicos e, na síntese de pontos quânticos, foram utilizadas tanto a biomassa fúngica quanto o caldo pigmentado contendo os metabólitos fúngicos, de forma que as nanoestruturas sintetizadas pelo caldo de cultivo pigmentado estivessem dispersas nele e pudessem ser extraídas juntamente com o pigmento. Os protótipos de células solares híbridas foram construídos utilizando vidros condutores FTO de área igual a 16cm2 e nanopartículas de TiO2 e o polímero
HPMC foram usados na construção dos filmes. Como eletrólito foi utilizada uma solução I – /I3 – e o contraeletrodo foi formado por fuligem de vela. Como agentes sensibilizadores foram utilizados extratos contendo, separadamente, os pontos quânticos de CdS biossintetizados e pigmentos produzidos pelos fungos e também a solução de pigmentos e pontos quânticos extraídos em um só passo. As nanopartículas de CdS revelaram fluorescência quando expostas a radiação UV, apresentando espectros característicos de absorção e IV e, por meio da análise de MET, foi identificada uniformidade, formato predominantemente esférico e tamanhos variando de 2 a 11nm. Os testes feitos com o auxílio de um multímetro em dias de céu aberto e sol pleno revelaram que os protótipos sensibilizados somente pelos pontos quânticos de CdS produziram tensões de circuito aberto variando entre 157mV e 280mV, ao passo que protótipos sensibilizados pelos pigmentos fúngicos produziram tensões de circuito aberto entre 179mV e 310mV. Por último, protótipos sensibilizados pelos extratos de pontos quânticos e pigmentos atingiram a faixa de tensão produzida de 447mV a 615,5mV, indicando que a combinação das nanoestruturas inorgânicas de CdS aos pigmentos fúngicos obteve melhores resultados de absorção de luz quando comparada às duas outras técnicas aplicadas. Isso se deve à ampliação do espectro de absorção da luz do Sol proporcionada pela hibridização da estrutura pontos quânticos e pigmentos fúngicos.