PERSPECTIVAS ANALÍTICO-DISCURSIVAS SOBRE A CONSTITUIÇÃO DO DISCURSO APOROFÓBICO.
Condições de Produção. Imaginários sócio-discursivos. Sujeito. Pobreza. Aporofobia.
Os estudos e reflexões desenvolvidos nesta pesquisa ancoram-se nas abordagens epistemológicas feitas pela Análise de Discurso (AD). Assim a fundamentação teórica dialoga com os pesquisadores(as) dessa área, como é o caso de Michel Pêcheux (2014), Eni Orlandi (2008; 2020), Dominique Maingueneau (2008) e demais estudiosos(as). Tais teóricos(as) colaboram para compreender a formação do discurso aporofóbico e sua materialização discursiva, atravessado pelas categorias de condições de produção, imaginários sócio-discursivos e sujeito, que contribuem para a exploração dos elementos sócio-históricos, ideológicos e discursivos que envolvem tal discurso. A partir de tais categorias da AD faz-se a exploração de elementos ideológicos e históricos que constroem a pobreza, as desigualdades e, consequentemente, a aporofobia. Para isso acontecer recorreu-se aos estudos de outras áreas: Filosofia, Sociologia e História. Assim, a partir do embasamento teórico da AD, fez-se a articulação entre as referidas categorias elencadas para a análise com os elementos constituintes da pobreza e da aporofobia no Brasil, por meio do corpus, que é um vídeo compilado de duas cenas, uma em que uma mulher branca, num shopping center de Ipatinga-MG, hostiliza Anelina Alves, funcionária de serviços de limpeza que estava trabalhando no momento em que foi ofendida. A outra cena, compilada no mesmo vídeo, apresenta Anelina explicando aos seguidores de sua rede social o que havia acontecido com ela, naquela ocasião. Ao longo da análise, associando fundamentação teórica e os elementos sócio-históricos e ideológicos, colhidos nas outras áreas do conhecimento, é possível afirmar que o que aconteceu com Anelina Alves foi aporofóbico e, consequentemente, alcança-se o objetivo central da pesquisa que é compreender como se forma o discurso aporofóbico.