PALIMPGESTOS SONOROS EM ARAÇÁ AZUL
Araçá Azul, Caetano Veloso, Vanguarda e Modernismo Brasileiro, antropofagia, experimentalismo.
A obra de Caetano Veloso é reconhecidamente inovadora, sobretudo no contexto do Tropicalismo, período marcado pela busca de um novo dizer mediante a experimentação nas artes. Esta é a tônica que conduz o álbum Araçá Azul, considerada a obra mais radical do compositor, tendo em vista os elementos da estética de Vanguarda do início do século XX, tanto os da Europa quanto os do Brasil, notadamente no aspecto sonoro. Nessa perspectiva, a presente pesquisa busca problematizar em que medida a tessitura poética de Araçá Azul expande ou supera a proposta experimental dessas vanguardas. Quanto ao objetivo geral trata de compreender a linguagem de Araçá Azul na perspectiva do experimentalismo, e como objetivos específicos: identificar o diálogo entre o Araçá Azul e a estética de Vanguarda do início do século XX, notadamente em relação ao Modernismo de 22 (antropofagia), ao Movimento de Poesia Concreta e o Tropicalismo, e analisar algumas letras do álbum Araçá Azul à luz dos conceitos de voz e performance, de Paul Zumthor. Quanto aos procedimentos metodológicos, o trabalho se divide em três capítulos, sendo o primeiro dedicado ao contexto estético e histórico das estéticas de Vanguarda, fundamental para compreender a produção do álbum Araçá Azul, o segundo trata do aprofundamento conceitual e o terceiro, visa a análise de algumas músicas do álbum à luz dos conceitos elencados. Além dos conceitos elencados, a teoria da Vanguarda, de Peter Bürger, a Antropofagia, de Oswald de Andrade e a perspectiva sonora de José Miguel Wisnik serão trazidas ao diálogo com a voz e a performance que constituem a produção do Araçá Azul. Espera-se, desse modo, contribuir para os estudos literários em diálogo com outras artes, levando em conta a riqueza de tal articulação.