Qualificação realizada por meio de avaliação escrita.
RACISMO ESTRUTURAL: uma análise discursiva dos processos de (des)construção da identidade do negro brasileiro no ambiente acadêmico
Análise de Discurso, discurso racista, silenciamento, negro brasileiro, ambiente acadêmico.
O presente trabalho busca analisar os processos de (des)construção da identidade do negro brasileiro no ambiente acadêmico a partir de um olhar para a materialidade discursiva que se reproduz nas interações empreendidas entre a comunidade acadêmica. O nosso objeto de análise se constrói a partir de recortes de dois relatos, colhidos em um blog virtual, de discentes negras narrando suas vivências no espaço acadêmico. Essas narrativas denunciam a reprodução do discurso racista. A partir dos movimentos de leitura que a Análise de Discurso pecheutiana nos permite realizar, das contribuições dos autores Amorim (2009) e (2016), Almeida (2018), Althusser (1998), Bourdieu (1989), Bujato e Souza (2020), Cano & Silva (2021), DiAngelo (2018), Fanon (2008), Fernandes (2008), Figueiredo e Grosfoguel (2009), Foucault (2009), França (2019), Gilroy (2012), Hall (2003), Mbembe (2014), Nascimento (2003), Nascimento (2021), Nascimento (2016), Orlandi (2007a), (2007b) e (2008), Pêcheux (2006), Sampaio, Miranda e Junho (2020), Souza (1983), Valério e col (2021) e Viana (2021) que desenvolvem olhares singulares para as relações complexas que se estabelecem desde a colonização no cenário brasileiro, objetivamos desenvolver um estudo que comtemple a situação do negro brasileiro atual diante da sua participação e desempenho no ambiente acadêmico, em que, conforme apontam as narrativas das discentes negras, o racismo estrutural atua de forma latente, embora silenciosa. Com vistas às constantes (re)produções do discurso racista e à materialização da estrutura social escravocrata de caráter silencioso, mas muito profundo, evidenciamos a necessidade de um olhar atento e investigador sobre os sentidos impulsionados historicamente que tecem a inferiorização e marginalização da população negra brasileira, ambas pautadas no processo de (des)construção da identidade negra. Após os movimentos de análise, esperamos evidenciar a presença dos processos de silenciamento discursivo na reprodução do discurso racista no ambiente acadêmico, processos esses que promovem a (des)construção da identidade negra e que esperamos mostrar que são responsáveis por fornecer reforços à reprodução do discurso de ódio e à reprodução da violência simbólica contra os negros e, ainda, à interpelação dos sujeitos à ideologia que padroniza o branco como superior, a ideologia do supremacismo branco.