RECONFIGURAÇÃO DAS ESCRITAS DE SI: A AUTOFICÇÃO NO LIMIAR ENTRE A VIDA E A FICÇÃO
autoficção, pós-modernidade, João Gilberto Noll, Ricardo Lísias
No âmbito das escritas de si, a autoficção se apresenta como um dispositivo ou uma categoria (NASCIMENTO, 2017) [A1] para se pensar nas fronteiras entre vida e ficção. Nesta pesquisa, buscamos realizar uma investigação teórica sobre os principais aspectos que envolvem as mudanças de paradigmas das escritas de si, no âmbito da literatura brasileira contemporânea, mais especificamente em se tratando da produção de João Gilberto Noll e Ricardo Lísias. Pretendemos discutir a mobilidade da fronteira entre os aspectos autobiográfico e os ficcionais desses autores, tendo em vista a compreensão do sujeito pós-moderno como indivíduo desdobrável, indefinível em sua totalidade e em constante devir. Para tanto, procuramos confrontar as principais vozes teóricas que abordam esses debates na atualidade como Evelina Hoisel (2019), Silviano Santiago (2004, 2008), Leonor Arfuch (2010), Diana Klinger (2006), Paula Sibilia (2016), Evando Nascimento (2017) dentre outros. Os resultados apontam para o fato de que na autoficção há um hibridismo entre a escrita biográfica e a ficcionalização do sujeito. Questões sobre a exposição da intimidade daquele que escreve, a fragmentação e o imediatismo da vida pós-moderna, perpassados pela noção da espetacularização, são tópicos que compõem a discussão sobre a reconfiguração das escritas de si e iluminam a compreensão da escrita autoficcional.